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Banca ética pode contribuir para a criação de emprego

A banca ética, um conjunto de instrumentos financeiros transparentes focados no impacto social em vez do lucro, seria um motor de criação de emprego em portugal, defenderam hoje em Abrantes os representantes da Plataforma para as Finanças Éticas e Solidárias em Portugal e da CELTUS, Fraternidade e Sustentabilidade nas Relações Económicas. que participam no encontro cooperativo “Ritmos de mudança” 2016. Sara Trindade, organizadora do Encontro sobre Finanças Éticas, explicou ao Agricultura e Mar que os pequenos empreendedores e pequenas iniciativas na área ambiental e da agroecologia precisam de crédito que os bancos tradicionais não estão a conceder, porque consideram apenas o retorno financeiro de um projecto.

“Em Portugal, a banca [tradicional] não financia o empreendorismo criador de emprego”, corrobora Fabrice Genot, membro da Celtus. A banca ética ofereceria essa possibilidade e a “transparência, para sabermos onde aplicamos o nosso dinheiro”, acrescenta.

Associações querem criar um banco ético

As organizações presentes no Ritmos de Mudança estão a estudar a possibilidade de criar um banco ético “como resposta ao mercado social português” e porque “é fundamental” para a criação de emprego “em sectores que normalmente estão excluídos do acesso ao crédito na banca tradicional”, declarou Sara Trindade. “Sem financiamento não conseguimos produzir nada de alternativo em termos de produção e de consumo”, considera.

No entanto, devido às restrições da lei portuguesa nesta área, sobretudo no que toca ao capital social inicial, criar um banco ético a partir de poupanças individuais e de cooperativas poderia demorar “mais de dez anos”, lembra Fabrice Genot. Uma possibilidade em estudo e “uma luz, finalmente”, vem de um exemplo na Croácia, de acordo com o membro da Celtus. Cerca de 460 cooperativas croatas estão a juntar capital para financiar os cooperadores, algo que seria “realizável dentro da lei portuguesa” e que poderia constituir um primeiro passo para construir o capital necessário para fundar um banco.

“Queremos denunciar a forma pouco ética de funcionamento da banca”

“A Plataforma foi uma proposta que surgiu depois do primeiro Fórum, para mapear e divulgar o projecto de finanças éticas”, a partir desse encontro de cerca de 150 organizações da área social, segundo Sara Trindade. De acordo com a especialista, os seus objectivos são “denunciar a forma de funcionamento, pouco ética e questionável, do mundo financeiro e disseminar e construir alternativas” como as que existem, por exemplo, em Espanha ou Itália.

Além de várias moedas sociais, em Portugal, há algumas instituições parabancárias – por exemplo, a Associação das Comunidades Auto-Financiadas, que mostram o que se pode já fazer para “nos sentirmos mais fortes, menos formigas”, como disse durante o debate no Ritmos de Mudança a activista da rede de Economia Solidária de Espanha Núria del Rio. Em Espanha, as “caixas de poupança”, cooperativas de crédito financeiro e bancos éticos respondem às necessidades de crédito, por exemplo, de jovens desempregados com projectos de negócio, a quem a banca tradicional não dá resposta.

O debate “A outra face da moeda – alternativas de financiamento do terceiro sector: as finanças éticas e solidárias” teve lugar esta manhã, na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes.

Agricultura e Mar Actual
(em Abrantes, a convite do Instituto Maruês de Valle Flôr)

 
       
   
 

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