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Aprolep acusa: pacto para redução de preços dos bens alimentares “usado para esmagar a produção de leite”

A direcção da Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal considera que o Pacto para a Estabilização e Redução de Preços dos Bens Alimentares, assinado, a 27 de Março, entre o Governo, a APED – Associação Portuguesa de Distribuição de Empresas e a CAP – Confederação de Agricultores de Portugal, está a ser “usado para esmagar a produção de leite”. E alerta que “qualquer descida no preço do leite levará ao abate de animais, abandono da produção e à falta de leite nas prateleiras”.

“Esta semana, ainda não tinham passado 24 horas após a assinatura do pacto para a estabilização e redução de preços dos bens alimentares, quando os produtores de leite da empresa Fromageries Bel Portugal, multinacional que produz os queijos Limiano e Terra Nostra, foram informados da intenção de baixar o preço em 7,8 cêntimos por litro aos seus fornecedores a partir de 1 de Maio. É uma redução de 15%! No dia seguinte, outra empresa, Penlac, comunicou a baixa de 5 cêntimos, já com efeitos retroactivos a partir de 1 de Março. Esperamos que as restantes empresas tenham uma atitude diferente e mais responsável, mas temos receio que sigam o mesmo caminho, como é habitual”, salienta a Aprolep em comunicado de imprensa.

Para a Associação, o apoio aos agricultores portugueses no valor de “140 milhões de euros” anunciado no “pacto” “não compensa esta redução de preço ao produtor. Ainda não sabemos como vai ser distribuído, quando vai ser pago e que parte vai caber ao sector do leite, mas podemos estimar que será inferior a 1 cêntimo por litro produzido anualmente”.

“Com a promessa de 1 cêntimo de ajuda, tiram-nos 8 cêntimos na facturação imediata”, queixa-se a direcção da Aprolep, adiantando parecer “evidente que as indústrias se pretendem aproveitar das ajudas anunciadas para voltar a espremer a margem dos produtores”.

Rações representam 60% das despesas das vacarias

E realça o mesmo comunicado que “este anúncio de redução do preço do leite acontece numa altura em que as rações das vacas leiteiras, que representam 60% das despesas de uma vacaria, permanecem com os preços mais elevados de sempre, a rondar 55 cêntimos por kg, mais do que vão receber os produtores por litro de leite. Os fertilizantes continuam com preço elevado, apesar de ligeira redução. As fortes chuvas do Outono impediram ou atrasaram muitas sementeiras de erva e há menos forragem para alimentar os animais. Qualquer descida no preço do leite levará ao abate de animais, abandono da produção e à falta de leite nas prateleiras”.

“Tudo isto ocorre no ano de arranque de uma nova PAC [Política Agrícola Comum] em que o sector do leite sofre uma redução de 37% nos apoios directos, a maior redução entre os vários sectores agrícolas, redução que não é mitigada por novas ajudas que implicam novas exigências para os produtores. Os produtores de leite foram os que mais sofreram os efeitos da inflação no custo dos factores de produção desde 2021”, acrescenta o mesmo comunicado.

Para a Aprolep, “esta atitude é incompreensível quando os mais diversos especialistas, o Governo e a própria distribuição disseram que era preciso “apoiar a produção”. É este o apoio que vamos ter? A indústria tem de ter uma atitude mais responsável. O Governo não pode ignorar e abandonar os agricultores nesta situação”.

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