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APED: é preciso “explicar com clareza todos os factores que levam ao aumento de preços dos alimentos”

A APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, no seguimento das informações veiculadas esta quinta-feira pelo Ministério da Economia e do Mar sobre o preço dos produtos alimentares, esclarece que “é preciso falar verdade aos portugueses e explicar com clareza todos os factores que levam ao aumento de preços dos alimentos”.

Explica a Associação em comunicado que “o sector tem tido uma postura de diálogo e teve oportunidade de explicar ao Governo o motivo dos aumentos dos preços e o que se passa em toda a cadeia de valor”, garantindo que “o sector do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizados dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior”.

Por outro lado, lamenta que a ASAE — Autoridade de Segurança Alimentar e Económica “tenha produzido um relatório do qual o sector da distribuição não tem conhecimento nem foi convidado a dar os seus contributos”. “O sector da distribuição tem vindo a colaborar com a ASAE desde sempre, mantendo uma relação de colaboração institucional, com o foco sempre no consumidor”.

Para a APED, “o sector da distribuição actua de forma séria, responsável e com respeito pela lei e pelos consumidores e não pode aceitar ficar com o anátema da inflação e do aumento de preços. Somos um dos sectores económicos mais escrutinados e esta é uma realidade encarada com naturalidade. Contudo, em momento algum pode ficar a dúvida que os associados do retalho alimentar desenvolvam uma conduta premeditada para prejudicar os consumidores”.

Apela assim à ASAE para que “cumpra o que prometeu e analise toda a cadeia de valor e que promova uma comunicação clara, objectiva e sustentada em evidências, que contribua para a promoção de um ambiente de serenidade junto dos consumidores”.

Três elos da cadeia de distribuição explicam aumentos

“A realidade vivida no nosso País assenta num conjunto de factores relacionados com a produção, a indústria e transporte. Ao colocar em perspectiva a realidade destes três elos da cadeia de distribuição obtém-se uma explicação para o aumento do custo dos produtos, que é reflectido no preço que a distribuição apresenta ao consumidor”, garante a direcção da APED, para quem a “análise deve ser feita atendendo às especificidades do País no acesso a estas componentes que contribuem para o preço final, tal como os dados divulgados pelo INE demonstram”.

Adianta o mesmo comunicado que entre Janeiro e Dezembro de 2022 face ao período homólogo o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (de 2,3% para 35,9%), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 pontos percentuais (evoluiu de 13,3% para 31,7%) e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 pontos percentuais (passou de 3,7% para 19,9%), “sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 pontos percentuais”.

“A distribuição está a comprar os produtos cada vez mais caros, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção). Estes aumentos no início da cadeia reflectem a subida dos custos dos factores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes”, garante a APED.

E realça que “um caso flagrante é o leite que está 75% mais caro nas lojas, precisamente o aumento que os fornecedores passaram para a distribuição (o leite é há muito anos um produto social com margens mínimas)”. Isso mesmo foi referido há 3 dias pela Fenalac – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite.

Acrescenta o mesmo comunicado que “à semelhança do que aconteceu, por exemplo, durante a pandemia, o sector tem procurado cumprir a sua missão de garantir os bens essenciais às famílias, mesmo enfrentando constrangimentos e impactos decorrentes da guerra, nomeadamente o aumento dos custos dos factores de produção, do custo da energia, dos combustíveis fósseis e da logística e transporte”.

E frisa que “o negócio da distribuição alimentar é um negócio de volume e não de margem. A margem média do sector do retalho alimentar é, em todo o Mundo, na ordem dos 2 a 3%, que compara com margens da indústria na ordem dos 15 a 20%”.

Agricultura e Mar

 
       
   
 

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