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Antecipação do Pedido Único não é excepcional nem apoio à situação de guerra

Editorial

“Esta decisão veio dar mais autonomia às opções de cada Estado-membro. Após planeamento de 2014, temos novamente condições para Portugal antecipar este pagamento para Outubro [do Pedido Único], pelo terceiro ano consecutivo“. A frase é do antigo secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque (governo PSD/CDS), e data e 2014.

“Com esta medida, os agricultores podem ter a estabilidade e segurança necessárias que lhes permite continuar a trabalhar”, realçava então José Diogo Albuquerque, agora CEO do blog que agrega a cópia das principais notícias jornalísticas do sector agrícola, agroportal.

A História repete-se. Para os políticos, antecipar o que é teu é “uma excepção”, apesar de ser mesmo teu

“Estabilidade e segurança” foi o que todos os governantes, das últimas décadas, sejam mais PSD ou mais PS, proclamaram aos agricultores. Quando, na verdade, apenas falam da antecipação de direitos, de apoios comunitários, garantidos aos agricultores. Mesmo em anos em que a Rússia não se lembra de invadir a Ucrânia.

Na altura, em 2014, o Ministério da Agricultura e do Mar proclamava ir “antecipar o pagamento de ajudas directas aos agricultores correspondentes a 50% das ajudas do Regime de Pagamento Único e do Prémio aos Ovinos e Caprinos, e 80% do Prémio à Vaca em Aleitamento”. E frisava: “estes pagamentos, a ter lugar já em Outubro, serão efectuados dois meses mais cedo do que o previsto”.

A História repete-se. Para os políticos, antecipar o que é teu é “uma excepção”, apesar de ser mesmo teu.

Ora, vem o Ministério da Agricultura nos tempos de hoje anunciar que vai antecipar os 500 milhões de euros dos pagamentos do Pedido Único, valor que os agricultores só iriam receber em Outubro.

“Esta é uma medida de resposta à crise provocada pela invasão militar da Rússia à Ucrânia e que vai permitir aos agricultores portugueses fazer face às necessidades adicionais de liquidez, nomeadamente com os fortes aumentos dos custos das matérias-primas, da energia e que afectou igualmente as cadeias de abastecimento agroalimentar”, refere o Executivo.

A Rússia só invadiu a Ucrânia este ano, em 2022. Provocou muitas mortes e muitas mudanças geopolíticas, mas não me parece ser a causa de mais uma antecipação das ajudas do Pedido Único.

Carlos Caldeira

 
       
   
 

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