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Anceve volta a pedir “intervenção urgente” do Governo pelos “preços absurdos” das garrafas de vidro

A Anceve – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas volta a pedir a “intervenção urgente do Governo quanto aos preços absurdos das garrafas”. “A baixa gradual do custo da energia, que se reflectiu positivamente nos fretes de transporte em navio, não teve lamentavelmente ainda qualquer reflexo no fornecimento das garrafas, que continuam a ser colocadas no mercado com preços recorde”, garante a Associação.

“Para muitos produtores, sobretudo os que se posicionam em segmentos mais competitivos, o aumento do custo do vidro, que não tem paralelo noutros países, deixa-os dramaticamente fora do mercado”

Em comunicado, a direcção da Anceve, presidida por Paulo Amorim, explica que “de Norte a Sul do País, os produtores de vinho estão a ser confrontados com custos do vidro que estão em média mais de 55% acima dos valores pré-guerra e com alcavalas no seu fornecimento (taxa de energia, valor do transporte e exigência de pagamento antecipado). Se é certo que o custo energético teve um aumento, é inegável que este já está há vários meses a ser aliviado. Estranhamente, não há qualquer reflexo no custo das garrafas”.

“Acresce que continua a registar-se escassez de muitos modelos de garrafas (ao contrário do que acontece noutros países vinícolas, nossos concorrentes), o que tem obrigado os produtores a alterarem constantemente procedimentos e rotulagem, para adaptarem a sua produção aos modelos disponíveis, o que afecta gravemente a consistência das suas estratégias comerciais e de marketing”, acrescenta o mesmo comunicado.

E adianta que, de acordo com dados divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho, Portugal produziu na última vindima cerca de 688 milhões de litros de vinho. “Sendo que a maior parte do vinho Português é engarrafado, é bom de ver não só a importância que o vidro tem para este sector, mas além disso, como o vinho é o principal exportador de vidro português para os quatro cantos do Mundo”.

“Para muitos produtores, sobretudo os que se posicionam em segmentos mais competitivos, o aumento do custo do vidro, que não tem paralelo noutros países, deixa-os dramaticamente fora do mercado”, frisa a Associação.

Inquérito à fileira do vinho

Neste contexto, a Anceve dirigiu nas últimas semanas um inquérito sobre este tema à fileira do vinho, tendo obtido os resultados que a Revista Agricultura e Mar aqui transcreve.

Quais as referências e formatos de garrafas mais em ruptura?

  • Garrafas tipo Bordalesa/tipo Borgonha/tipo Reno/para Espumante. Os modelos estiveram intermitentemente em ruptura ao longo de 2022 e mantém-se o cenário em 2023. Registam-se interrupções frequentes de produção e fornecimento, sem qualquer aviso prévio ao mercado.

Qual a cor mais em ruptura?

  • Branco/Castanho/Azulado.

Os fornecedores estão a debitar-lhes taxa de energia?

  • Sim. A esmagadora maioria abandonou a sobretaxa energética na sua descriminação em factura, tendo incorporado a mesma no preçário final dos modelos.

Os fornecedores estão a debitar-lhes o valor do transporte?

  • Sim, com algumas excepções para grandes clientes.

Os fornecedores estão a exigir-lhes pagamento antecipado?

  • Sim, com algumas excepções para grandes clientes.

Qual o valor médio do aumento que vos foi imputado desde há um ano?

  • O valor médio de aumento foi à volta dos 55%/70% em quase todos os modelos.

Os actuais constrangimentos levaram-nos a optarem por outros vasilhames/materiais e em caso afirmativo, quais?

  • Não. Em análise, sem posição tomada.

No último ano optaram por engarrafar com garrafas de vidro mais leve?

  • Não, tentamos manter o mesmo estilo de garrafa, dentro dos mesmos pesos.

Tal alternativa é mais barata ou acessível neste contexto de ruptura e preços recorde?

  • Não. O portfólio das vidreiras evolui no sentido de os modelos existentes passarem a ser fornecidos em “light weight”. Este percurso assumido pelas vidreiras não se repercute directamente na baixa do custo/kg vendido. A garrafa alternativa pode ser ligeiramente mais barata no custo unitário, mas o custo/Kg comprado vai aumentando sucessivamente.

Deseja acrescentar alguma nota?

  • “É de notar que para além de não fornecerem garrafas, as vidreiras também não estão a aceitar novos clientes”.
  • “Para além do exposto, vidreiras e fornecedores de garrafas estão a dar quotas de quantidades aos clientes baseados nas compras do ano anterior; ora isto impossibilita qualquer produtor de fechar novos negócios, logo impossibilita aumentos de vendas”.

A Anceve pede assim novamente ao Governo que “estabeleça urgentemente uma plataforma de diálogo, para que, sob o seu alto patrocínio, representantes dos sectores do vinho e do vidro possam analisar a situação e procurar a forma mais eficaz de abordar e resolver este gravíssimo problema”.

Agricultura e Mar

 
       
   
 

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