As obras de construção do AmpliAqua, uma unidade pré-comercial pioneira em toda a Europa já arrancaram. Esta unidade terá a sua sede no Porto da Nazaré com inauguração prevista no próximo mês de Abril, com um investimento global de cerca de 3,2 milhões de euros a ser realizado em duas fases.
A 1ª fase, que agora se lança, totaliza um investimento de cerca de 1,3 milhões de euros e conta com um financiamento de 914 mil euros dos EEA Grants (Programa Crescimento Azul (DGPM). Esta unidade pré-industrial com cerca de 1.000 m2 deverá estar em plena operação até ao final do 1º semestre, onde se prevê a optimização do sistema e o balanceamento de micro-nutrientes e microbiologia que serão condições basilares para a construção da fase 2, ocupando um lote de 2.500 m2.
Serão criados peixes, cujos resíduos serão reaproveitados para nutrir as plantas cultivadas hidroponicamente. Estas últimas, por sua vez, irão purificar a água que retorna aos peixes. Inclui também um subsistema de microalgas que permite filtrar as águas residuais
Este projecto “arrojado e inovador”, é liderado pela BGI juntamente com os parceiros nórdicos International Development Norway e com o Laboratório Colaborativo Food4Sustainability, sendo o 2º projecto estratégico de integração vertical da BGI, iniciado há três anos.
1ª fase
Nesta fase, o promotor do projecto (BGI) já obteve a licença para actividades de IDI junto do ICNF — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, estando em preparação a licença para produção comercial junto do B-Mar (fase 2). Serão criados peixes, cujos resíduos serão reaproveitados para nutrir as plantas cultivadas hidroponicamente. Estas últimas, por sua vez, irão purificar a água que retorna aos peixes. Inclui também um subsistema de microalgas que permite filtrar as águas residuais, explica uma nota de imprensa da BGI.
E adianta que “espera-se que esta unidade pré-industrial, no médio prazo, venha a ter pelo menos sete postos de trabalho altamente qualificados em diversas disciplinas, incluindo piscicultura, microbiologia, ecologia marinha, agronomia, sequenciação de nova geração (NGS), TIC, inteligência artificial/aprendizagem de máquinas (AI/ML), entre outros, como a bioinformática”.
“Prevêem-se várias sinergias com o ArrulaLab, laboratório de microbiologia e sequenciação genética de solos, bem como com o i-Danha Food Lab, para a produção de biofertilizantes e inóculos destinados ao banco de terras do Município de Idanha, que integra a maior bio região do país, com mais de 42 mil hectares e reconhecida como a melhor bio região da Europa”, acrescenta a mesma nota.
2ª fase
Já a 2ª fase conta com um investimento de cerca de 820 mil euros do EIT Food, entidade que se tornará também accionista do mesmo. Nesta fase, será criada a primeira e maior unidade de aquaponia até hoje instalada em território nacional: uma fusão entre a aquacultura e a hidroponia que permitirá uma produção sustentável e circular, aproveitando de forma integral os micronutrientes entre os peixes e as plantas, sem recurso a quaisquer químicos de síntese.
A tecnologia do sistema RAS (Recirculating Aquaculture System) foi especialmente concebida para a unidade e é o centro nevrálgico da mesma, desenvolvido pela Landing Aquaculture.
3ª fase de expansão industrial
Está igualmente planeada uma 3ª fase de expansão industrial, na qual já foi iniciado o processo de licenciamento da instalação junto da Docapesca — Portos e Lotas, também a ser estabelecida no porto da Nazaré, ocupando uma área de aproximadamente dois hectares.
Esta 3ª fase implicará um investimento total de cerca de 68 milhões de euros, prevendo-se a criação de pelo menos mais vinte postos de trabalho, e o início da construção está programado para daqui a dois anos. Nesta fase, a BGI tem em vista o desenvolvimento de um projecto de investimento que, dadas as suas características, possa desempenhar um papel significativo na promoção da economia nacional, incluindo projectos de Potencial Interesse Nacional com a capacidade de atrair investimento estrangeiro para impulsionar este sector.
O projecto AmpliAqua possibilitará a produção e posterior comercialização de um sistema modular e escalável, adequado para implementação global, inclusive em regiões com recursos limitados, através da utilização da agricultura vertical. Esta abordagem optimiza o espaço e os recursos hídricos disponíveis.
Além disso, o sistema pode ser instalado próximo dos mercados consumidores, reduzindo assim a pegada de carbono associada ao transporte dos produtos para grandes mercados consumidores.
De acordo com Gonçalo Amorim, CEO da BGI, “é com um enorme orgulho que vemos Portugal a marcar pontos no sector de aquacultura e mar que parece estar a renascer das cinzas e que espera que volte a ter a importância estratégica para o país tal como os descobrimentos tiveram há 500 anos atrás para a geração de conhecimento, valor social e económico. Para a BGI é o início de uma nova fase de crescimento para esta spinoff, que nasceu no seio do programa do MIT Portugal e que está agora a reposicionar-se estrategicamente com um foco na inovação e no crescimento económico sustentável. No caso deste emblemático projecto, na transformação do sector agroalimentar que é responsável por mais de 25% das emissões de GEE na Europa”.
Agricultura e Mar