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Aicep: agro-alimentar é “claramente” um dos sectores de aposta na Coreia do Sul

A Aicep – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal acaba de lançar o documento “Coreia do Sul – Oportunidades e Dificuldades do Mercado”, onde considera que “o agro-alimentar é claramente um dos sectores de aposta, considerando dificuldades de produção na Coreia do Sul, o que impõe a sua condição de grande importador de diversos produtos”. E a aposta deve ir para os produtos premium.

Os analistas da Aicep aconselham como aposta os vinhos, espumantes, cerveja, água mineral e gaseificada, café, azeite, padaria e confeitaria e outros produtos alimentares.E salientam que os produtos portugueses, independentemente do sector de actividade, detêm, em geral, “potencial para o mercado sul-coreano, desde que sejam inovadores, distintivos, com valor acrescentado, e nunca posicionados pelo preço, apesar da usual pressão por parte dos importadores na redução dos preços”. Produtos de baixa qualidade e baixo preço “inundam o mercado, oriundos de geografias vizinhas”, pelo que os produtos portugueses deverão posicionar-se no segmento “premium”, salientam aqueles analistas.

No que diz respeito ao sector vínico, o documento avança que, apesar do vinho tinto continuar a ser o mais vendido no mercado, a sua quota de mercado baixou de 70% para 55%, em 2015, a favor do vinho verde, claramente com uma procura crescente, sobretudo por uma mudança de paladar dos consumidores. Entre outros motivos, pelas suas características e textura que começam a ser evidenciadas pelos conhecedores e apreciadores locais, reconhecendo estes que é um vinho adequado à sua cadeia alimentar formada sobretudo à base de vegetais.

Também o vinho biológico, muito ligado a uma imagem e estilo de vida saudável, está cada vez mais a ser procurado pelos coreanos, sendo percepcionado como uma bebida de baixo teor alcoólico com efeitos benéficos para a saúde.

Para já, os únicos vinhos portugueses reconhecidos no mercado são os vinhos do Porto e da Madeira, fruto de “um trabalho promocional intenso dos importadores locais e da presença destes vinhos nos principais concursos da especialidade e feiras de vinho no país, há alguns anos a esta parte”, pode ler-se no documento.

Dependente das importações de azeite

Não tendo a Coreia do Sul um clima propício à olivicultura, o consumo de azeite está totalmente dependente das importações. Em 2016, num total de 50.309 milhões de dólares, estas foram dominadas sobretudo por Espanha (71,4%) e Itália (22,4%). Portugal surge em 5º lugar (uma quota de 0,9%), atrás da Turquia e da Grécia.

No entanto, o documento da Aicep sublinha o aumento considerável das exportações de azeite português desde 2014 (9.000 dólares), passando para 17.000 dólares em 2015, fechando 2016 com um total de vendas de 470.000 dólares. “De facto, o mercado tem vindo a absorver a necessidade de um maior consumo de azeite, nomeadamente no que concerne ao azeite extra virgem, em oposição ao tradicional uso de óleos vegetais, que assentava na convicção de alguma incompatibilidade do uso do azeite na comida tradicional coreana, em virtude do seu sabor intenso”, refere o documento.

Porém, graças ao seu uso em programas populares de culinária, assim como em restaurantes, aliado a recomendações médicas e de especialistas em alimentação, permitiu o crescente conhecimento dos seus benefícios e uma tomada de consciência, sobretudo por parte da população mais jovem, facilitando a emergência desta forte tendência. Deste modo, o azeite tem vindo a ocupar um lugar cada vez mais importante na dieta coreana, sendo inclusivamente associado à dieta mediterrânica.

Também a eliminação das barreiras alfandegárias, desde 2014, com o Acordo de Comércio Livre, permite às empresas produtoras de azeite dos Estados-membros uma atenção particular sobre o potencial deste mercado, sobretudo em segmentos “premium”. O IVA para todos os produtos importados é de 10%.

Portugal lidera na cortiça

Os analistas da Aicep relembram que Portugal é o maior fornecedor de cortiça para a Coreia. O seu volume de importação, na ordem dos 3,232 milhões de dólares, representa mais de 60% das importações totais do mercado, seguido pela China, com 1,389 milhões. Em Janeiro de 2017, o jornal coreano JoongAng-Ilbo, elegeu a cortiça como um dos materiais que liderará a tendência de decoração de interiores face ao seu cariz ecológico, elegante e não tóxico.

As oportunidades para as empresas portuguesas no sector corticeiro “estão claramente no mercado residencial urbano”, assim como nos segmentos institucional e comercial, ao nível dos pavimentos (isolamento acústico e térmico, reciclável, reutilizável e não poluente). Outra área em crescendo é a dos acessórios, e de giftware em cortiça, existindo empresas locais fabricantes de pavimentos, hastes para óculos, carteiras e carteiras/bolsas com um design atractivo e de elevada qualidade.

“Contudo, as empresas portuguesas nestes segmentos terão boas oportunidades de negócio, desde que os produtos se adaptem aos gostos locais, acrescentem valor e sejam verdadeiramente diferenciadores”, frisa o documento.

Pode consultar o documento aqui.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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