O presidente da Agros — União das Cooperativas de Produtores de Leite, Idalino Leão, salienta a importância da sanidade animal como garante da segurança e qualidade dos alimentos produzidos pelos agricultores, alertando que “é urgente que as vacinas, nomeadamente as da Língua Azul, sejam rapidamente disponibilizadas às Organizações de Produtores Pecuários para a sua devida aplicação, tal como é indispensável a reposição da justa verba para a execução desse plano de vacinação no terreno”.
Idalino Leão falava perante a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, ontem, 15 de Março, no espaço Agros depois da inauguração das novas instalações da ABLN – Associação para o Apoio à Bovinicultura Leiteira do Norte e do SEGALAB – Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, à margem de um Seminário de Técnicos e Produtores Pecuários.
E foi num tom muito assertivo que Idalino Leão se dirigiu à ministra quanto ao PEPAC – Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, nomeadamente no referente às candidaturas aos eco regimes, referindo que “é urgente que esta situação fique resolvida. Não podemos andar sempre aos soluços”.
Recordou que, tal como já havia destacado por diversas vezes, este é um “PEPAC muito complexo, burocrático e de difícil execução que é urgente resolver estes estrangulamentos que penalizam a produção da qual somos deficitários enquanto País”.
Para esbater parte deste deficit, Idalino Leão vê como o essencial ” a suspensão de algumas das regras da condicionalidade, para que os agricultores possam semear toda a sua área disponível, uma vez que a guerra e os seus efeitos ainda se fazem sentir nos custos das matérias-primas”, considerando imoral caso tal não venha a acontecer.
Aumento dos preços: agricultores acusados injustamente
Quanto à subida dos preços dos produtos agroalimentares, Idalino Leão atribui esta ao “aumento brutal dos custos de produção associados” e, no caso do leite, “tal como os dados do INE [Instituto Nacional de Estatística] demonstram”, o preço ao produtor esteve congelado durante 10 anos. “É preciso garantir o rendimento justo dos produtores, pois o baixo rendimento agrícola em Portugal foi ainda de menos 12% no ano de 2022 e não podemos continuar nesta espiral de empobrecimento”, reivindica o presidente da Agros.
No final, Idalino Leão lançou um desafio à ministra da Agricultura para estar ao lado dos agricultores e da produção na próxima reunião da PARCA [Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar], a realizar-se no dia 22 de Março, “pois não podem ser os agricultores a suportar os custos da guerra, da inflação e da fraca aposta de sucessivos governos na produção de alimentos”.
Por sua vez, a ministra, que encerrou o Seminário de Técnicos e Produtores Pecuários, referiu que “temos unido esforços no reforço da resposta nos campos da Sanidade Animal e Segurança Alimentar. E este laboratório [Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar], reconhecido pela DGAV [Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária], tem tido um papel muito activo e decisivo para o sucesso no cumprimento dos planos de erradicação/vigilância de diversas doenças”.
“Este é um espaço que materializa o poder da cooperação, o qual pode contar, sempre, com a sua ministra no apoio à agricultura e aos agricultores. E esta é uma sessão de partilha de conhecimento, essencial à aplicação de conceitos como Uma Só Saúde”, adiantou a ministra.
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