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“Agricultura intensiva também é ecologicamente eficiente” porque é mais produtiva utilizando menos fitofármacos e menos água. Leia aqui o Manifesto do Mundo Rural

“A “agricultura intensiva” também é designada por “ecologicamente eficiente” porque produz mais quilos por hectare, utilizando menos fitofármacos e menos água por cada quilo produzido”, dizem as 18 as organizações do Mundo Rural que se uniram num manifesto “Por uma alimentação consciente em Portugal”.

E acrescentam que “os efluentes pecuários são utilizados para fertilizar e enriquecer os nossos solos que são muito pobres em matéria orgânica. Desta forma, os agricultores portugueses contribuem para a circularidade e valorização dos recursos que, de outra maneira, seriam resíduos”.

Por outro lado, garantem que “os agricultores sabem, naturalmente, que as abelhas são essenciais para a polinização das suas culturas e as nossas autoridades também, pelo que, quando necessário, as aplicações não acontecem na altura da floração para não terem impacto nas abelhas”.

Um manifesto que nasce da necessidade daquelas organizações lutarem contra uma “campanha de fake news” que gera indignação no sector agroalimentar.

Pela importância do tema e pela quantidade de notícias e reportagens que têm sido emitidas nas televisões portuguesas, o agriculturaemar.com aqui transcreve o Manifesto:

“Por uma alimentação consciente em Portugal”

Manifesto

Da próxima vez que lhe disserem que o setor agroalimentar é o “mau da fita” ou da próxima vez que comprar alimentos, pense! questione-se! Escolha livremente e consuma português!

Várias mensagens difamatórias e inverdades sobre as práticas agrícolas, pecuárias e agroindustriais têm sido ditas, escritas e transmitidas, por várias vias, quer na imprensa, quer na televisão, quer na rádio, quer mesmo na propaganda política. Informação injuriosa, e até contraditória à que é veiculada pelas autoridades competentes deste país, acerca dos sectores pecuário, agrícola e agroalimentar. Os autores desta campanha difamatória, não sabem e não conhecem o alto contributo do Mundo Rural para manter o ecossistema, impedindo o abandono das terras, que teria como uma das consequências inevitáveis a intensificação dos incêndios que ano após ano têm vindo a deflagrar em Portugal.

Os sectores que este Manifesto representa estão totalmente alinhados com a ambição de fornecer alimentos seguros, nutritivos e de alta qualidade com o mínimo de impacte ambiental e social. Para alcançar tais resultados ambiciosos, declaramos ser, e somos, parte da solução. Queremos promover práticas empresariais sustentáveis e clarificar o debate com uma abordagem menos divisionista entre rural e urbano.

Consideramos que esta campanha caluniosa tem contribuído para a desinformação dos portugueses, tratando-os de forma desrespeitosa, na tentativa de os manipular.

Defendemos que cada cidadão é livre de fazer as suas escolhas, nomeadamente as alimentares, mas para que essa escolha seja efectivamente livre, o consumidor tem de ser informado, para que possa fazer uma opção consciente.

A União Europeia é conhecida por ter os padrões mundialmente mais exigentes, por isso a produção agrícola, a produção pecuária e o sector agroalimentar em Portugal cumprem os mais elevados padrões de qualidade, seja ambiental, seja de bem-estar animal ou de saúde pública.

Assim, as organizações signatárias consideram essencial os seguintes esclarecimentos:

Relativamente a Gases de Efeito de Estufa (GEE) e Aquecimento Global: Sabia que de acordo com os mais recentes dados oficiais em Portugal a agricultura e a pecuária são responsáveis unicamente por cerca de 10% das emissões nacionais de GEE (dados de 2017, em CO2 equivalente). O que significa que a utilização individual de carros tem mais impacto no aquecimento global do que produzir a alimentação para o país. Por esta razão o próprio Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), da responsabilidade do Ministério do Ambiente, atribui uma redução de GEE à agricultura de apenas 11% até 2030 face a 2005.

Especificamente na actividade pecuária importa referir que em Portugal a pecuária é maioritariamente feita em regime extensivo e as pastagens contribuem positivamente para o balanço de carbono. Isso mesmo distingue Portugal e a Europa do resto do mundo, tal como atestado no relatório Climate Action in Rural Areas, do European Network for Rural Development. As pastagens contribuem, ainda, para o incremento do teor de matéria orgânica do solo. Assim, a relação entre a atividade pecuária e as emissões/remoções de GEE tem de ser abordada numa perspectiva holística. Nesta perspectiva holística, se considerarmos o conjunto dos sectores agroflorestal e pecuário, uma vez que a grande maioria da floresta é propriedade e, assim, responsabilidade, dos agentes económicos do agroalimentar, percebemos que a contribuição total para as emissões de GEE é inferior a 1%, segundo o Inventário de Emissões da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Outro impacto positivo relevante destes sectores para o ambiente é o contributo para a diminuição do risco de fogos rurais que, ano após ano, têm vindo a deflagrar em Portugal, nomeadamente através da pastorícia. Este impacto positivo é reconhecido e atestado pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) no seu Plano Nacional de Acção de combate a fogos rurais.

Ainda segundo o PNEC 2030 a agricultura é o sector que menos energia consome, unicamente 3%.

Relativamente a saúde e bem-estar animal: Sabia que a carne nacional provém de animais aos quais não são administrados promotores de crescimento? Estando legalmente proibidas de o fazer, as produções pecuárias são punidas e a sua actividade é suspensa, no caso de incumprimento.

Sabia que as condições de criação de animais de pecuária estão sujeitas às regras de bem-estar animal mais exigentes do mundo* por via da legislação europeia, muito mais restritiva que a dos outros produtores de animais, fora da Europa?

Sabia que as práticas nacionais promovem o bem-estar-animal? Segundo o Recenseamento Agrícola (RA) 2019:

  • 61% do efectivo bovino é explorado em regime extensivo;
  • 12% dos bovinos estabulados pastoreiam;
  • Cerca de 2/3 do efectivo suíno estabulado está alojado em instalações de pavimento com grelha parcial.

Relativamente a desflorestação: Sabia que em Portugal a pecuária não contribui para a desflorestação? Segundo o RA 2019:

  • Em Portugal não há desflorestação para instalação de pastagens;

Mesmo considerando as importações no espaço da UE, sabia que 78% da soja (matéria-prima cuja produção está mais sujeita ao risco de desflorestação) é proveniente de zonas de baixo risco de desflorestação e o sector continua a fazer esforços concretos para impactar positivamente o ambiente quanto a este aspecto? No terreno existem já diversas iniciativas neste sentido, nomeadamente o Laboratório Colaborativo FeedInov que tem como um dos seus projectos basilares o desenvolvimento de matérias-primas sustentáveis e alternativas às importadas, bem como soluções nutricionais inovadoras; 

Mas outros aspectos desconhecidos devem ser tidos em conta, nomeadamente:

  • Os produtos autorizados para a protecção das culturas estão sujeitos a processos de avaliação extremamente rigorosos. Muitas explorações agrícolas e pecuárias já integram tecnologia de ponta na produção e alimentação e utilizam imagens de satélite para identificar com mais precisão as zonas onde é necessário intervir com tratamentos ou com adubação que é, posteriormente, feita através de drones. Isto é, a aplicação é muito localizada, só onde necessária e utilizando a menor quantidade possível destes tratamentos;
  • Os agricultores sabem, naturalmente, que as abelhas são essenciais para a polinização das suas culturas e as nossas autoridades também, pelo que, quando necessário, as aplicações não acontecem na altura da floração para não terem impacto nas abelhas;
  • A “agricultura intensiva” também é designada por “ecologicamente eficiente” porque produz mais quilos por hectare, utilizando menos fitofármacos e menos água por cada quilo produzido;
  • Os efluentes pecuários são utilizados para fertilizar e enriquecer os nossos solos que são muito pobres em matéria orgânica. Desta forma, os agricultores portugueses contribuem para a circularidade e valorização dos recursos que, de outra maneira, seriam resíduos.

Além de tudo o já referenciado, o sector contribui para o desenvolvimento do bem-estar social do país e da economia portuguesa:

  • De acordo com o INE, trazemos anualmente para a economia portuguesa 7,5 mil milhões de euros de exportações, produzindo com os mais elevados padrões de exigência, respeitando os animais, o território e as comunidades;
  • Em 2020, em plena pandemia, o sector agroalimentar não parou e aumentou mesmo as exportações em 6,7%, dado relevante num ano em que as exportações de todos os sectores diminuíram;
  • Somos responsáveis pela manutenção de mais de 314.000 postos de trabalho directos, ou seja, mais de 6% do emprego do país. 

Por tudo isto e muito mais, da próxima vez que lhe tentarem passar a mensagem que os sectores da pecuária, agricultura e agroalimentar são os “maus da fita” ou da próxima vez que comprar alimentos, pense! questione-se! Escolha livremente e consuma português!

Veja a lista dos subscritores do Manifesto aqui.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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