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Agricultores do distrito de Aveiro: “é preciso pôr fim aos preços baixos na produção”. 30 explorações leiteiras fecharam em 2020

A União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) denunciam a continuada situação de preços baixos na produção agrícola que, aliada às dificuldades de escoamento e aos cada vez mais elevados custos dos factores de produção, “estão a obrigar os agricultores a abandonar a actividade”. “É preciso pôr fim aos preços baixos na produção que atiram milhares de agricultores para a ruína”, garantem.

Para protestar contra esta situação, a UABDA junta-se à CNA e filiadas numa manifestação que contará com centenas de agricultores, em Lisboa no dia 14 de Junho, a partir das 14h30, por ocasião da reunião dos Ministros da Agricultura da União Europeia. “O rumo das negociações da reforma da PAC não é favorável à Agricultura Familiar e não melhorará o rendimento dos agricultores. Ao assumir a presidência da União Europeia no primeiro semestre deste ano, quando se prevê concluir estas negociações, o Governo português tem especial responsabilidade”, afirma Alfredo Campos, dirigente da CNA.

Em comunicado conjunto, aqueles agricultores escrevem que tomando como exemplo o sector do leite os preços continuam em queda face ao mês e ao ano anterior e a níveis médios de há quase 20 anos. Em Março, Portugal registou mesmo o preço mais baixo da União Europeia (29,9 cêntimos/kg), situação que “a continuar levará à liquidação das já poucas explorações familiares existentes, num sector importante para a região”.

E acrescentam que “só no último ano, encerraram cerca de 30 explorações leiteiras no distrito de Aveiro e mais poderão encerrar, se os preços se mantiverem em baixa, os custos de produção continuem a aumentar e as exigências que a Política Agrícola Comum (PAC) coloca aos pequenos produtores continuarem a estrangular a Agricultura Familiar”.

Albino Silva, dirigente da UABDA, salienta que “são necessários apoios técnicos e financeiros para resolver os problemas com que se debatem relativamente à questão do bem-estar animal e que o Governo deve defender a produção nacional de modo a garantir melhores preços à produção”.

Preços no produtor

O cenário de preços baixos alastra-se a outras produções além do leite. “Para dar alguns exemplos, a cenoura paga ao produtor ao preço médio de 0,25€ é vendida nas grandes superfícies a um valor 280% superior; os brócolos com margens de 288% e o repolho a +619%. Isto não pode continuar”, dizem aqueles agricultores, acrescentando que “é uma situação escandalosa a que é preciso dar solução. O agricultor que trabalha de sol a sol não pode continuar a ser o elo mais fraco da cadeia de distribuição agro-alimentar. E o consumidor também não pode continuar a ser explorado”.

Carlos Alves, dirigente da UABDA, refere que “os produtos dos pequenos e médios agricultores não são valorizados, ao mesmo tempo que sofremos uma avalanche com os produtos que vêm de fora. Portanto há um problema muito importante que é preciso resolver através do apoio à produção e comércio locais e da dinamização dos circuitos curtos e mercados de proximidade”.

“Ditadura” comercial da grande distribuição

“É preciso pôr fim à “ditadura” comercial da grande distribuição, regulando e fiscalizando a sua actividade, ao mesmo tempo que deve ser estabelecida a preferência obrigatória por produtos alimentares de origem local e provenientes da agricultura familiar no fornecimento de cantinas e refeitórios de entidades públicas e criados apoios públicos aos mercados locais de maior proximidade entre produção e consumo”, salienta o mesmo comunicado.

Isto porque, dizem aqueles agricultores, “ao encurtar distâncias, ganha o ambiente, ganham as economias locais e ganham também os consumidores, mantendo-se o Mundo Rural vivo e com Agricultura Familiar a produzir”.

Nesse sentido, a UABDA e a CNA consideram “absolutamente fundamental que se avance decididamente com a implementação das importantes medidas preconizadas pelo Estatuto da Agricultura Familiar aprovado há mais de dois anos”.

Agricultura Familiar

Para aqueles responsáveis, a Agricultura Familiar “tem um papel fundamental no aumento da produção alimentar nacional, na qualidade e saúde alimentar, na coesão económica, social e territorial, contribuindo ainda para o arrefecimento do planeta”.

Mas dizem que “só é possível colher os benefícios ambientais, sociais e económicos da Agricultura Familiar, da pequena e média agricultura, apoiando a produção e o rendimento dos pequenos e médios agricultores, com outras e melhores políticas agro-rurais, nomeadamente com outra Política Agrícola Comum”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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