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ACOS: IVA a 0% “pode ser uma boa solução” mas agricultores não estão “a ganhar mais dinheiro, antes pelo contrário”

O presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, Rui Garrido, considera que a taxa de 0% de IVA para um cabaz de 46 alimentos, que estará em vigor de 18 de Abril a 31 de Outubro de 2023, “aparentemente pode ser uma boa solução. Não havendo IVA, teoricamente, nas grandes superfícies, e não só, os preços descerão, sendo que esta descida é muito pouco expressiva, uma vez que se trata de apenas 6%”. E garante: “não estamos a ganhar mais dinheiro, antes pelo contrário”.

Em entrevista à à Revista Ovelha, publicação mantida pela Associação há mais de 30 anos, por ocasião da 39ª Ovibeja, que se realiza de 27 de Abril a 1 de Maio, Rui Garrido salienta que diz “teoricamente porque, como ouvimos dizer na comunicação social, em Espanha não terá sido bem assim. Mas isso tem a ver com o consumidor e nada tem a ver connosco, com a produção. Quando ouvimos falar desses aumentos brutais é bom que se diga que no ano passado, em 2022, o rendimento da agricultura baixou mais de 10%”.

Por outro lado, frisa que “não estamos a ganhar mais dinheiro, antes pelo contrário. Determinados produtos, como os cereais, que depois têm reflexos brutais no preço das rações, têm subido de preço, mas os factores de produção também aumentaram e até numa percentagem superior, o que não dá para que as explorações agrícolas possam aumentar as suas margens. O que acontece muitas vezes é o contrário”.

Então, onde fica esse lucro? “Só o que sabemos é o que ouvimos, que as grandes cadeias de distribuição têm tido lucros enormes, na casa dos muitos milhões de euros. Por isso, parece-nos que o problema não estará num eventual aumento dos preços junto da produção, mas sim no preço final”, considera Rui Garrido.

É Espanha que marca o preço do azeite

Quanto ao aumento do preço dos produtos alimentares, como é o caso do preço do garrafão de azeite, que aumentou mais de 50%, o presidente da ACOS refere que “esse é um dos produtos que tem aumentado bastante e que se prende com a sua escassez no mercado. Mas aqui em Portugal contribuímos muito pouco para a fixação desses preços. É uma questão mundial e, sobretudo, espanhola. Desde há cerca de dois anos que o azeite está em alta, porque a produção em Espanha, devido à seca, tem sido muito pequena. Os preços hoje são globais e se não há azeite em Espanha, como tem acontecido, os preços sobem em todo o Mundo”.

Quanto ao vinho, aquele responsável considera que este o “negócio do vinho não tem nada a ver com o negócio do azeite. O vinho a granel já valeu mais nos últimos anos do que está a valer hoje”.

Na mesma entrevista, o presidente da ACOS salienta ainda que “os grandes impactos da guerra na Ucrânia continuam a ser nas matérias-primas, como os fertilizantes, que depois têm impacto no custo dos factores de produção e no preço de alguns produtos, nomeadamente dos cereais, que está muito mais alto agora do que estava há dois anos atrás. O trigo podia custar 180 euros a tonelada ou o milho 170 euros a tonelada e hoje estamos a falar de 200 e muitos euros ou mesmo 300 euros a tonelada”.

A 39ª Ovibeja, uma organização da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, realiza-se em Beja de 27 de Abril a 1 de Maio de 2023. O certame promete colocar “em reflexão grandes temas da actualidade” e disponibilizar “grande diversidade de eventos para todos os gostos”.

Saiba tudo sobre a 39ª Ovibeja aqui.

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