A direcção da Acibev — Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal está preocupada com a continuidade de medidas legislativas que proíbem a venda de bebidas alcoólicas depois das 20 horas, em virtude da pandemia, e faz um apelo ao Governo para que não prorrogue tais medidas.
Argumenta a Associação que “o consumo de vinho está associado às refeições e à dieta mediterrânica” e que a proibição é uma “medida, sem qualquer evidência científica“.
“Ficamos com a ideia de que o objectivo destas medidas não são o combate à Covid-19 e aos comportamentos de risco com ela associados, mas sim a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas, afectando negativamente um produto nacional como o vinho, que é parte integrante da vida e cultura portuguesas e é apreciado por milhões de pessoas de forma moderada e responsável”, refere um esclarecimento da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal.
Esta medida, sem qualquer evidência científica, prejudica todos consumidores que pretendem fazer as suas compras em horário pós-laboral e tem incentivado a aglomeração de pessoas no horário anterior às 20h
Para a Acibev, num “momento tão difícil para as nossas empresas, em que o canal Horeca continua a ter quebras muito significativas, é para nós vital poder continuar a vender nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados e nas esplanadas, sem restrições que não têm qualquer justificação de saúde, pelo que apelamos ao Governo que não prorrogue tais medidas”.
Motor das exportações e economia
Esclarecem ainda aqueles empresários que o sector vitivinícola “é um grande impulsionador da economia nacional e um instrumento relevante para a manutenção das comunidades rurais e ordenamento do território, por providenciar emprego, oportunidades de investimento, estabilidade económica e sustentabilidade ambiental”.
E realçam que, em 2019, as exportações de vinho portuguesas atingiram o valor mais alto de sempre correspondente a 822 milhões de euros. Sem esquecerem que a pandemia da Covid-19 teve um impacto negativo no sector do vinho, tanto ao nível nacional como ao nível das exportações.
Por outro lado, referem que as vendas para a restauração sofreram uma quebra de cerca de 50% tanto em volume como em valor e “não é expectável que a situação melhore nos próximos meses, pois a situação epidemiológica está a agravar-se, a confiança dos consumidores em níveis muito baixos e não iremos contar com o fluxo de turismo que tivemos nos anos anteriores”.
Volatilidade dos mercados internacionais
A direcção da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal afirma ainda que “o que é facto é que se verifica uma grande volatilidade nos mercados internacionais. Entre os principais mercados de exportação, registaram-se quebras acentuadas nas nossas exportações para a China, Angola, Alemanha e França. Canadá, Brasil e EUA, por sua vez, registaram um aumento significativo”.
E por isso, pede ao Governo que leve em conta que “o mercado nacional é fundamental para as nossas empresas e que só uma situação sólida no mercado interno permite aguentar a situação financeira das empresas, manter os postos de trabalho e, sempre que possível, alavancar os investimentos na exportação”.
Agricultura e Mar Actual