O secretário-geral da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal, Luís Mira, questionou ontem, 11 de Junho, a APA — Agência Portuguesa do Ambiente sobre a “utilidade” do pagamento da Taxa de Recursos Hídricos, afirmando que as receitas que têm seguido para o Fundo Ambiental têm sido utilizadas pelos “governos como um saco azul” que “até concertos de rock pagam com a taxa eh ambiental”.
Luís Mira falava no painel de debate “Água e Agricultura. Cada Gota Conta” da Conferência promovida pela TSF, Jornal de Notícias e Aquapor, intitulada “Água e Agricultura — A Circularidade da Água na Agricultura”, que se realizou no âmbito da 60ª Feira Nacional de Agricultura (FNA 24), a ocorrer até 16 de Junho, no CNEMA — Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém.
Para o secretário-geral da CAP “paga-se uma taxa por um serviço. Na agricultura, isto não faz sentido para se utilizar água num pais mediterrânico como Portugal. Temos que gastar em energia, que é caríssima, e temos que gastar em equipamentos; então se tiver equipamento de rega ou 1 bomba, ao fim de 6 ou 7 anos tenho de os mudar. Eu não ando a gastar água, eu utilizo a minha água”.
Aquele responsável deixou mesmo um desafio: que lhe indicassem “qualquer sector que nos últimos 20 anos tenha evoluído tanto na eficiência do uso da água como o da agricultura”. “A agricultura consumia uma média 14 metros cúbicos por hectare há 30 anos. Hoje são 4”. Os agricultores “usam a água com rega gota-a-gota. As perdas e as falhas de eficiência no sector agrícola são antes de [a água] chegar ao agricultor”.
Assim, Luís Mira considera que a Taxa de Recursos Hídricos é “boa para o Estado, para receber mais dinheiro. E para à sociedade dizer ‘isto é o que o utilizador tem que pagar para desincentivar [o consumo]. O agricultor não precisa disso, ele próprio investe o seu dinheiro para poder regar, tem sensor tem gota-a-gota. (…) E não tem mais porque não lhe proporcionam mais. Se houvesse 5G nas explorações [agrícolas] já tinha um sistema mais moderno”.
Aquele responsável acrescentou ainda que “a água se existe é para se utilizar com eficiência (…) a prova disso é que Alqueva tinha previsto regar 120 mil ha e já esta com capacidade para 170 ha. Alqueva não cresceu, o que ganhou foi mais eficiência na rega”.
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