O secretário Regional da Agricultura e Florestas dos Açores garantiu ontem, 22 de Novembro, que a SINAGA — Sociedade de Indústrias Açoreanas não está falida, que a suspensão da transformação de beterraba em açúcar é temporária e visa salvaguardar o futuro da empresa, a sua rentabilidade e os postos de trabalho.
“Diz-se que a empresa está em falência técnica. Não é verdade. O activo da empresa é superior ao passivo em 800 mil euros”, afirmou João Ponte, que falava, em Ponta Delgada, depois de ter sido ouvido pela Comissão de Economia da Assembleia Legislativa. O governante frisou que produzir hoje um quilo de açúcar na SINAGA pode custar cinco a seis vezes mais do que o preço de aquisição de açúcar nos mercados internacionais.
João Ponte acrescentou que o passivo da empresa se mantém “estável” desde 2014 e que, no que se refere à dívida bancária, foi reduzida em 1,7 milhões de euros, de 2014 a 2016.
Quanto à situação de cedência de interesse público dos trabalhadores, mecanismo com renovação anual, o secretário Regional salientou que 26 já têm a sua afectação definida, caso concordem com a solução proposta, havendo mesmo outros colaboradores, para além dos 44 previstos, que já manifestaram interesse em transitar também para a administração pública regional, pelo que o processo decorre de forma “absolutamente pacífica” e com o envolvimento dos próprios trabalhadores.
“Os trabalhadores são cedidos com os mesmos vencimentos”, afirmou, acrescentando que “os que irão para o Matadouro têm direito a um acréscimo significativo de vencimento que resulta do pagamento do subsídio de risco”.
João Ponte adiantou ainda que os restantes serão afectos ao Serviço de Desenvolvimento Agrário de São Miguel, ao Serviço de Classificação do Leite (SERCLA), ao Laboratório de Sanidade Vegetal e aos parques florestais, entre outros.
Elevados custos de produção
O secretário Regional reiterou aos deputados da Comissão de Economia que a decisão tomada pelo Governo foi de suspender temporariamente a transformação da beterraba em açúcar na SINAGA, face aos elevados custos de produção, muito superiores ao preço da aquisição do açúcar nos mercados internacionais, mantendo a fábrica a componente da comercialização e eventual refinação, sem efectuar despedimentos.
Por outro lado, a suspensão da laboração de beterraba vai permitir uma redução dos custos operacionais de cerca de dois milhões de euros anuais.
João Ponte salientou ainda que é preciso ter em conta os efeitos do fim do regime da quota de açúcar na União Europeia, a instabilidade nos mercados do sector e a descida do preço do açúcar.
O secretário Regional explicou que aumentar o valor pago pela matéria-prima (beterraba) de forma significativa tornaria incomportável o custo de produção do respectivo açúcar, com consequências directas ao nível da competitividade da empresa.
João Ponte frisou que produzir hoje um quilo de açúcar na SINAGA pode custar cinco a seis vezes mais do que o preço de aquisição de açúcar nos mercados internacionais e que actualmente a produção anual de beterraba é de 100 toneladas, que são transformadas em 600 toneladas de açúcar, o que equivale a menos de 10% do consumo regional.
Agricultura e Mar Actual