Início / Agricultura / 12 ONGs portuguesas pedem apoio governamental para Lei do Restauro da Natureza

12 ONGs portuguesas pedem apoio governamental para Lei do Restauro da Natureza

Doze Organizações Não Governamentais portuguesas de ambiente enviaram uma carta aberta ao ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, pedindo-lhe que expresse o seu apoio à proposta da Comissão Europeia para uma Lei do Restauro da Natureza e o seu compromisso com um processo expedito no próximo Conselho de Ambiente, que terá lugar a 20 de Dezembro.

“Dado que o declínio da biodiversidade e os impactos climáticos são fortemente visíveis nas paisagens agrícolas, características de paisagens de alta diversidade devem ser implementadas em pelo menos 10% da área agrícola utilizada até 2030”

O objectivo desta acção conjunta “é chegar-se a um acordo o mais rapidamente possível, sem comprometer o nível de ambição necessário, à luz das crises climática e de biodiversidade e do seu impacto nas pessoas e sectores da economia no nosso País. Cientistas, empresas e sociedade civil em Portugal e em toda a Europa têm exigido acção urgente”, referem aquelas ONGs em comunicado.

A proposta de Lei do Restauro da Natureza “oferece uma oportunidade fundamental para trazer a natureza de volta a Portugal e à Europa, beneficiando a biodiversidade, o clima e as pessoas. No contexto das obrigações legais de longa data decorrentes do direito internacional, os resultados das negociações da UNFCCC COP27 e da CBD COP15 estão mais uma vez a deixar claro que é necessário combater conjuntamente o declínio da biodiversidade e as alterações climáticas para o bem-estar da nossa sociedade”, adianta o mesmo comunicado.

E realça que o Restauro da Natureza é uma parte inerente da solução da Global Biodiversity Framework (Objectivo 2). “O Restauro da Natureza é a nossa melhor apólice de seguro para a adaptação climática, por garantir maior resiliência a secas, inundações e outros eventos climáticos extremos. Consequentemente, também contribui para a segurança alimentar a longo prazo. O Restauro da Natureza é, sem dúvida, um dos melhores investimentos que Portugal pode fazer”.

Posição de Portugal

“Embora reconheçamos que Portugal ainda está a formular a sua posição sobre a proposta de Lei do Restauro da Natureza, as entidades signatárias desta carta aberta pretendem contar com o apoio do senhor ministro à proposta legal na reunião do Conselho de Dezembro. Dado o impacto contínuo das crises climática e de biodiversidade a que assistimos em Portugal, com os recentes períodos de seca histórica e incêndios, é de vital importância que o senhor ministro expresse o seu compromisso com o fortalecimento do Restauro da Natureza através da adopção oportuna de uma posição robusta sobre a proposta legal”, frisam aqueles ambientalistas.

E acrescentam que apoiam “totalmente a proposta de Regulamento de Restauro da Natureza como um marco para reverter a maré de perda de biodiversidade e alterações climáticas que temos vindo a assistir na escala necessária”.

Em particular, refere o mesmo comunicado, foram destacados alguns elementos-chave, que permitirão que a proposta cumpra plenamente o seu potencial:

  • A proposta legal tem de incluir um forte objectivo global, para pôr em prática medidas de restauro eficazes em pelo menos 20% da área terrestre e marítima da União Europeia até 2030, para o qual todos os Estados-membros deverão contribuir de forma justa e responsável. Isso aumentará a flexibilidade dos Estados-membros e garantirá condições equitativas em que todos os países podem contribuir igualmente.
  • A relação com as recomendações conjuntas da Política Comum das Pescas deve ser esclarecida para evitar que os objectivos de restauro marinho se tornem impraticáveis.
  • Para garantir a implementação efectiva do Regulamento, a proposta legal deve abrir caminho para explorar e estabelecer financiamento dedicado ao Restauro da Natureza de acordo com a revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual.
  • O cronograma para a implementação de medidas de restauro precisa de ser adiantado. É preciso algum tempo para que os benefícios das medidas de Restauro da Natureza se materializem. Portanto, as medidas precisam de ser implementadas mais cedo para garantir a sua contribuição efectiva para a meta de neutralidade climática da União Europeia em 2050.
  • Metas quantificadas e com prazos definidos são necessárias para o restauro dos rios e das suas bacias: 15% do comprimento dos rios (178.000 km em toda a União Europeia) devem ser restaurados em rios de fluxo livre até 2030.
  • Dado que o declínio da biodiversidade e os impactos climáticos são fortemente visíveis nas paisagens agrícolas, características de paisagens de alta diversidade devem ser implementadas em pelo menos 10% da área agrícola utilizada até 2030.
  • As turfeiras são ecossistemas chave tanto para a biodiversidade como para o clima. Portanto, os seus alvos de restauro devem ser expandidos para todas as turfeiras drenadas, que devem ser totalmente recuperadas.

Entidades signatárias da carta aberta a Duarte Cordeiro:

  • Associação ALDEIA – Acção, Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação, Ambiente
  • ANP|WWF – Associação Natureza Portugal, em associação com WWF
  • Corema – Associação de Defesa do Património
  • FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
  • GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
  • Grupo Lobo
  • LPN – Liga para a Proteção da Natureza
  • Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural
  • Rewilding Portugal
  • SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
  • VCF – Vulture Conservation Foundation
  • Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável

Agricultura e Mar

 
       
   
 

Verifique também

Luís Simões adere ao projecto Lean&Green da GS1 Portugal para reduzir pegada carbónica

Partilhar              A Luís Simões, líder no mercado de fluxos rodoviários entre os dois países ibéricos, é …

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.