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Superfície de cereais de Inverno chega ao fim de Janeiro em mínimos históricos

Os cereais de Outono/Inverno, pelo quinto ano consecutivo, registaram uma diminuição da área instalada, prevendo-se que nesta campanha se atinja um mínimo histórico de 121 mil hectares.

São estas as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 31 de Janeiro, que adiantam que a seca contribui para a menor área de cereais de Inverno dos últimos cem anos, desde que existem registos sistemáticos.

A instalação dos cereais de Outono/Inverno decorreu em pleno período de seca meteorológica e com perspectivas de manutenção do quadro de escassez de precipitação, com teores de humidade dos solos muito baixos. Este panorama conduziu a uma diminuição generalizada das áreas destas culturas face à campanha anterior, que se estima de 5% no centeio e na aveia, de 10% no trigo mole, no triticale e na cevada e de 15% no trigo duro.

Cereais de pragana

As actuais previsões reflectem uma redução da área, pelo quinto ano consecutivo, e posicionam a campanha de cereais de pragana como a pior dos últimos cem anos.

As sementeiras mais tardias (finais de Novembro) dos cereais de Outono/Inverno beneficiaram da precipitação da primeira quinzena de Dezembro e germinaram bem. A maioria das searas encontra-se na fase do afilhamento, com povoamentos regulares e desenvolvimento vegetativo normal.

Foi possível realizar atempadamente as adubações de cobertura, ficando a sua absorção (e, consequentemente, a eficácia da sua aplicação) dependente dos níveis de precipitação futuros. Para a aveia, cereal mais precoce, estima-se uma produtividade semelhante à alcançada na campanha anterior.

Desenvolvimento normal das searas

Adiantam os técnicos do INE que, no entanto, o desenvolvimento vegetativo das searas é normal, com o mês de Janeiro a caracterizar-se, em termos meteorológicos, como quente e seco.

O valor médio da temperatura média do ar (9,0ºC) foi superior à normal em 0,2ºC e a quantidade de precipitação foi cerca de 65% da normal, concentrada na primeira quinzena, sendo o décimo mês consecutivo com valores de precipitação inferiores à normal climatológica (média 1971-2000).

Continente sem seca extrema

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, no final do mês de Janeiro nenhuma região do Continente estava em seca extrema (em Dezembro, o interior do Baixo Alentejo e o Sotavento Algarvio apresentavam zonas com esta classe de seca). No entanto, 56% do território continental ainda se encontra em seca severa, em especial a sul do Tejo e nas regiões do interior Norte e Centro.

Acrescenta o INE que este cenário meteorológico permitiu a realização normal dos trabalhos agrícolas da época (apanha da azeitona, poda de pomares, olivais e vinhas e adubações de searas de inverno e culturas permanentes).

Água ainda é insuficiente

A escassa precipitação ocorrida ao longo do mês não foi suficiente para se registarem aumentos significativos das reservas hídricas nem, em muitos casos, para garantir teores de água nos solos próximos dos valores habituais.

Subsistem situações de dificuldade de abeberamento dos efectivos animais e, numa altura em que se inicia o planeamento das culturas de Primavera/Verão, e face à evolução pouco favorável do estado do tempo, começam a ser equacionadas opções de realização de culturas alternativas, com menores necessidades hídricas.

No final de Janeiro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, aumentou em todo o território e em particular nas regiões do Norte e Centro, que registaram valores acima de 60%, sendo mesmo, em algumas áreas do litoral, iguais à capacidade de campo. No entanto, nalguns locais do interior do Alentejo, ainda se observavam valores inferiores a 20%.

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