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Regantes pedem apoios ao investimento em energias limpas

A A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal apela ao Governo para que crie apoios específicos à instalação de sistemas fotovoltaicos nos regadios públicos. As energias limpas, além do seu menor impacto ambiental, permitem atenuar os custos com a rega.

O exemplo está a ser dado pela ABORO — Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas, onde decorreu, a 16 de Maio, uma sessão técnica sobre “Sustentabilidade e gestão eficiente da água e da energia em regadio”.

Poupanças até 20%

A ABORO investiu 540.000 euros em duas centrais fotovoltaicas para produção de energia solar usada nas estações de bombagem dos reservatórios do Marmelo e do Monte Branco, no concelho de Ferreira do Alentejo. Estas centrais, que entraram em funcionamento em Abril de 2018, vão permitir poupanças de 15% a 20% (70.000 €/ano) na factura energética da ABORO.

“Com este investimento em energia solar pretendemos igualar os custos de bombagem no período diurno face ao período nocturno, que serão repercutidos em menor escala no preço da água vendida aos agricultores”, explica Manuel Reis, presidente da ABORO.

Neste perímetro de rega há 3 anos que o preço da água não é aumentado, devido à sustentabilidade das medidas implementadas pela Associação de Regantes.

Modernização do regadio público

A modernização do regadio público, com a introdução de sistemas de distribuição da água por pressão em substituição do tradicional método por gravidade, trouxe consideráveis ganhos de eficiência no uso da água em Portugal.

Actualmente, cada agricultor gasta em média 5.500 m3 água/hectare, quando na década de 60 eram necessários 15.000 m3/hectare. No entanto, esta poupança teve como consequência o aumento do consumo de energia associada ao regadio, que subiu de 200 kwh/hora para 1.500 kwh/hora, no mesmo período.

“Hoje em dia o nosso maior desafio é reduzir a factura energética associada à bombagem da água. É importante que sejam criadas, no âmbito do PDR 2020 e na nova PAC, medidas específicas de apoio à instalação de energias alternativas nas estações de bombagem dos aproveitamentos hidroagrícolas, mesmo naqueles que foram alvo de modernização recente, mas que não contemplaram investimentos em melhoria da eficiência energética», apela José Núncio, presidente da Fenareg.

AGIR para poupar água e energia

Na sessão, Helena Alegre, directora do Departamento de Hidráulica e Ambiente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), apresentou nesta sessão o novo sistema AGIR — Sistema de Avaliação da Eficiência do Uso da Água e Energia em Aproveitamentos Hidroagrícolas.

“Este projecto é essencial para a implementação de estratégias concertadas de poupança de água e energia porque permite desenvolver um sistema global de avaliação de desempenho dos aproveitamentos hidroagrícolas, olhando para os seus objectivos de curto, médio e longo prazo, identificando problemas e áreas com potencial de melhoria”, afirmou a investigadora.

O sistema AGIR está a ser desenvolvido, desde 2017, pelas Associações de Regantes, em parceria com o LNEC, a Universidade de Évora, o INIAV e o COTR.

Aboro Siipra Mobile

A ABORO lançou este mês uma aplicação para telemóvel (App) – Aboro Siipra Mobile – para acompanhamento diário dos gastos de água e consumo de energia associada à rega pelos agricultores do perímetro de rega de Odivelas.

“Com esta App o agricultor tem a percepção se está a regar acima ou abaixo da média do que é praticado no perímetro de rega por todos os agricultores, em cada cultura, podendo reajustar e ser mais eficiente. Também pode consultar a correspondência entre os m3 de água e os khw/hora de energia consumida e ainda registar os diversos itens da conta de cultura, incluindo a rega. No final da campanha agrícola sabe qual o impacto do custo da água no rendimento da cultura”, explica Carlos Chibeles, técnico da ABORO.

A Fenareg é uma associação de utilidade pública, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2005, que agrupa entidades dedicadas à gestão da água para rega, tanto superficial como subterrânea, com o objectivo de unir esforços e vontades na defesa dos seus legítimos interesses e na promoção do desenvolvimento sustentável e da competitividade do regadio.

Actualmente conta com 28 associados que representam mais de 25 mil agricultores regantes e cerca de 135.000 hectares, que significa mais de 90% do regadio organizado, 76% do regadio colectivo público e cerca de 20% do regadio nacional.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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