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Pedro Queiroz Pereira. Morreu o homem que ameaçou sair do País contra as barreiras à plantação de eucalipto

Pedro Queiroz Pereira morreu este sábado, 18 de Agosto, vítima de um ataque cardíaco fulminante. O empresário Pedro Queiroz Pereira, presidente do conselho de administração da Semapa e da Navigator, foi dos que mais lutou contra as medidas contra a plantação e replantação de eucalipto anunciadas, em 2016, pelo Governo de António Costa.

Pedro Queiroz Pereira, dono de uma das maiores fortunas de Portugal, chegou mesmo a ameaçar cancelar os seus investimentos em Portugal, na sequência da decisão de se travar a expansão da área de eucalipto no País.

“Temos de pensar duas vezes e enchermo-nos de coragem” antes de investir em Portugal, disse na altura Pedro Queiroz Pereira, numa das suas últimas entrevistas, ao Expresso, em Fevereiro de 2016.

A defender o eucalipto até ao fim

A luta contra os “contra eucalipto”, foi levada até ao fim pelo empresário. “Em vez de medidas positivas, porém, anunciam-­se barreiras e obstáculos à plantação e replantação de eucalipto, que é discriminado em relação a outras fileiras florestais, sem qualquer justificação económica ou ambiental e com a consequência, imediata e a prazo, de um ainda maior abandono de propriedades rurais em Portugal”, salientava Pedro Queiroz Pereira na sua última mensagem aos accionistas sobre o exercício de 2017 da Navigator.

Realçava ainda que “haverá, como é óbvio, o agravamento do já muito oneroso peso das importações de matéria-prima para a indústria de pasta de eucalipto. Perdem as empresas deste sector, que vêem agravada a sua competitividade externa, e perde o País, sob a forma de escoamento de divisas e de destruição de postos de trabalho”.

Levantar artificial de obstáculos internos

Na mesma mensagem aos accionistas, Pedro Queiroz Pereira dizia: “Devo reconhecer que esta perspectiva me provoca algum desencanto, por me obrigar a concluir que, em vez de se melhorar os nossos factores endógenos de competitividade, se torna cada vez mais difícil a vida das empresas produtivas e mais arriscados os investimentos”.

Frisava ainda que quando, um pouco por todo o lado, “renascem, sob formas mais ou menos encapotadas, barreiras protecionistas, bem se dispensava este levantar artificial de obstáculos internos. Decididamente, não parece ser este o caminho para evitar a desindustrialização”.

“Somos o que somos porque somos produtores florestais.” Pedro Queiroz Pereira

“Empresa socialmente responsável”

Acrescentava ainda Pedro Queiroz Pereira “somos uma empresa socialmente responsável, que gosta de prestar contas da sua actividade à sociedade, como, de maneira ampla e sistematizada, o seu Relatório de Sustentabilidade, publicado bienalmente, reflecte. Temos, também por isso, uma política de abertura à comunidade, sendo as nossas plantações, viveiros e fábricas visitados anualmente por vários milhares de pessoas”.

Por outro lado, salientava que entre os fornecedores da Navigator “têm lugar de relevo muitas dezenas de milhar de produtores florestais e de prestadores de serviços ligados à exploração florestal e ao transporte de madeira. Com estes produtores, e com muitas das suas associações, existe uma intensa história de colaboração, orientada para a superação de alguns dos problemas mais sérios que afectam a floresta nacional: práticas de silvicultura deficientes, doenças fitossanitárias, plantas pouco adequadas às condições edafo­climáticas, incêndios, falta de certificação”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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