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Pedro Ferraz da Costa: “Em alguns casos era preferível desistir dos subsídios e andar mais depressa”

A Agrovete, empresa especializada em equipamentos agropecuários e certificação de sementes, é mais uma das que vai estar presente na 6ª edição da AgroGlobal – Feira das Grandes Culturas, que se realiza de 5 a 7 de Setembro de 2018, em Valada do Ribatejo.

Pedro Ferraz da Costa, administrador da Agrovete, em entrevista à organização da AgroGlobal, afirma que desburocratizar procedimentos e apoiar os agricultores com informação técnica e de mercado valiosa é a missão que deve mobilizar o Estado português.

“Em alguns casos era preferível desistir dos subsídios e andar mais depressa”, garante Pedro Ferraz da Costa, administrador da Agrovete, empresário do sector farmacêutico e ex-líder da CIP — Confederação da Indústria Portuguesa, entre 1981 e 2001.

Futuro do sector leiteiro

Quando questionado sobre o futuro do sector leiteiro em Portugal, Pedro Ferraz da Costa responde: “Vamos ter cada vez mais explorações especializadas numa actividade. Poderiam modernizar-me mais se o acesso ao apoio ao investimento fosse mais prático do que é. Está demasiado virado para grandes projectos de investimento e em determinados períodos as pessoas ficam meses à espera de uma resposta. Estou convencido que em alguns casos era preferível desistir dos subsídios e andar mais depressa”.

Aquele empresário adianta que “há uma reivindicação muito assente em obter preços mais elevados para a produção, que não acho que seja realista. Ninguém no mundo de hoje pode pensar que o que produz pode ser mais bem pago. As pessoas têm que encontrar soluções técnicas, nalguns casos de agrupamento, para conseguirem ter custos mais eficazes”.

Cereais

Mudando de tema, o administrador da Agrovete realça que “os cereais de Inverno, ajudados por algum regadio, podem ser opções interessantes para os agricultores. No entanto, o caminho lógico que gostávamos de ajudar a percorrer, com variedades muito adequadas às necessidades da indústria, que fossem escolhidas pelos agricultores com base na experimentação realizada em Portugal, confronta-se com um problema muito difícil de ultrapassar que é a pequena escala”.

Pedro Ferraz da Costa alerta mesmo para o facto de que “em Portugal fazemos 30.000 hectares de trigo por ano, a Espanha faz 1 milhão. É difícil, à nossa escala, obter grandes volumes da mesma variedade com características tecnológicas semelhantes”.

Por outro lado, acrescenta, “temos o problema do baixo preço dos cereais a nível internacional. Ao contrário do que toda a gente previa, a resposta da agricultura, com inovação, nomeadamente OGM em algumas partes do mundo, foi tal que a produção disparou e os preços dos cereais baixaram”.

Mas, diz que se nota agora “alguma melhoria nos preços, penso que os cerealicultores vão viver uma fase um pouco melhor do que no passado recente”.

Competitividade da PAC

Quanto à possibilidade de a Política Agrícola Comum (PAC) poder ajudar a Europa a manter-se competitiva, Pedro Ferraz da Costa considera que, nos sectores onde há jovens a investir, nomeadamente na Agricultura Biológica, “suponho que estes precisam sobretudo é de não ter muitos problemas burocráticos”.

Em muitos casos, mais do que ter ajuda do Estado, era preciso não ser prejudicado pelo Estado. Nas actividades mais tradicionais, vamos viver num mundo cada vez mais global, pelo que tudo que façamos que outros façam melhor (ou mais barato) noutro sítio, a realidade vai-nos obrigar a abandonar. Já os sectores onde nos possamos diferenciar — azeite, vinho, etc — vão-se impor e desenvolver e já há algum caminho percorrido.

 

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