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“Não vamos estar à espera de nenhum Governo”. Corticeira Amorim quer 50.000 hectares de sobreiros em regadio

“Não vamos estar à espera de nenhum Governo, isto só depende de nós”, diz o presidente da Corticeira Amorim. E garante, António Amorim, que a empresa quer 50.000 hectares de sobreiros regados por gota-a-gota.

António Amorim, em entrevista à comunicação da AgroGlobal, defende um modelo de produção de sobreiro regado que vai revolucionar a oferta de cortiça em Portugal na próxima década. Isto numa empresa em que as rolhas de cortiça representam cerca de 70% do valor global de vendas, rolhas para vinho, espumantes e bebidas espirituosas, representando cerca de 28% da quantidade de cortiça vendida.

Relembre-se que a 6ª edição da AgroGlobal – Feira das Grandes Culturas, está mesmo a chegar e realiza-se de 5 a 7 de Setembro de 2018, em Valada do Ribatejo. O site agriculturaemar.com vai lá estar, com stand.

“Nós na indústria estamos a desenvolver uma ideia absolutamente inovadora do novo produtor de cortiça, que antecipa o ciclo inicial de produção, dos habituais 25 anos para 8 a 10 anos, com aplicação de rega gota-a-gota nos novos povoamentos, desde a plantação dos sobreiros até à primeira colheita da cortiça”, afirma o presidente da Corticeira Amorim.

Plantados 50.000 hectares, gota-a-gota, nos próximos 10 anos

E diz aquele responsável que “ao final da primeira extracção paramos a rega para manter as características da cortiça. É um modelo capaz de revolucionar a oferta de cortiça em Portugal e de dar uma rentabilidade ao produtor florestal que não encontra actualmente no sobreiro. Gostaríamos que nos próximos 10 anos se plantassem 50.000 hectares (7% da área actual de montado) com este sistema, pensamos que é muito promissor, permitindo produzir mais 30 a 35% de cortiça”.

Explica António Amorim que “o futuro do ponto de vista dos mercados e das aplicações é bastante promissor e temos que suportar esse crescimento com um aumento da oferta. A produção florestal tem vindo a perder rentabilidade, porque a taxa de mortalidade nos montados não tem sido substituída por novas plantações e porque a densidade de sobreiros tem reduzido significativamente nas explorações actuais”.

Mas, onde podem ser produzidos os sobreiros regados?

São 50.000 hectares em 700.000 hectares de montado, “temos que escolher bem as áreas. Nas áreas marginais dos perímetros de regadio e no interior de cada exploração haverá seguramente zonas específicas onde este modelo pode propiciar resultados muito interessantes. A vantagem do sobreiro é que só precisa de água para a instalação do povoamento”, diz ainda António Amorim.

Mercados de oportunidade para a cortiça nacional

Quanto a mercados de oportunidade para a cortiça nacional, diz António Amorim, que a indústria portuguesa da cortiça “vai exportar 1 bilião de euros em 2018, é importante para a fileira, mas pequeno no Mundo de hoje. Diria que todos os mercados onde estamos presentes são mercados de oportunidade com potencial de crescimento”.

Os principais mercados da Corticeira Amorim são França (rolhas), Estados Unidos (rolhas, revestimentos, pavimentos, compósitos para indústria), Alemanha (3º mercado, onde mais vende pavimentos de cortiça), Itália, Espanha, Chile, Rússia e Portugal.

“Facturámos 100 milhões de euros em materiais compósitos derivados da cortiça”

Inovação? Sim, também há na cortiça

Quem olha para um bocado de cortiça, um leigo, deve pensar, inovação? Em quê? Cortiça é cortiça. Ponto. mas, não. António Amorim explica que há aplicações mais recentes e outras mais tradicionais, que combinam os granulados de cortiça com poliuretano, borracha, EVA ou silicones”.

“É uma área onde temos investido bastante e com algum sucesso. Facturámos 100 milhões de euros na área dos materiais compósitos, dos quais 18 milhões de euros em produtos desenvolvidos por nós nos últimos 3 anos. Estamos a ultimar a construção de uma fábrica piloto para introduzir novas tecnologias e potenciar um conjunto ainda maior de aplicações e de usos da cortiça”, realça o presidente da Corticeira Amorim.

Década complicada

Como em muitos negócios, o sector da cortiça teve também uma “década complicada entre 2001 e 2009”, com perda de quota de mercado no principal produto e aplicação da cortiça — a rolha para vinhos e espumantes.

“O muito investimento realizado em campanhas de sensibilização e comunicação sobre este produto ecológico, renovável e amigo do ambiente, levou a reconquistar quota de mercado aos vedantes alternativos”, diz António Amorim.

Desde 2010, as rolhas de cortiça têm tido um crescimento anual de 3% ao ano. A Corticeira Amorim tem registado um crescimento orgânico de 5% a 6%, na última década, e em 2017 teve vendas recorde, fruto da constante melhoria da eficiência operacional, da I&D de produtos inovadores e também graças ao dólar muito positivo.

Corticeira Amorim: patrocinadora da AgroGlobal

A Corticeira Amorim é mais um dos patrocinadores da AgroGlobal. E porquê? O sobreiro “é a árvore emblemática do nosso País, mas além de toda esta nossa emoção, queremos que tenha uma adequação económica, fazendo com que o produtor se interesse ainda mais por esta espécie”, diz António Amorim.

E realça que a Corticeira Amorim iniciou este trabalho (do sobreiro regado) a partir da ideia de um produtor florestal e tem uma parceria com uma equipa da Universidade de Évora. “As conclusões são muito promissoras”, garante.

“Temos que pôr isto no terreno. Não vamos estar à espera de nenhum Governo, isto só depende de nós, das pessoas que tenham terras e vontade de ter uma expressão económica nesta espécie. Somos actores e não espectadores da Economia”, diz o presidente da Corticeira Amorim, em entrevista à comunicação da AgroGlobal.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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Um comentário

  1. Então, o monopólio da cortiça que pertence a uma das famílias mais ricas do mundo queria ajuda de um governo para reforçar a sua posição? Fantástico, com estas ideias de génio qualquer dia começam a regar sobreiros para ganharem ainda mais dinheiro.

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