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Fungo ataca pêra rocha. Produção cai 40%

O sector da pêra rocha está confrontado, na actual campanha, com uma quebra na produção total superior a 40%, diz a CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal no seu boletim informativo do sector dos frutos e produtos hortícolas referente ao mês de Agosto de 2015. E pede alterações às regras do PDR2020.

Esta quebra na produtividade deveu-se sobretudo a um “ano bastante atípico do ponto de vista meteorológico que originou, numa primeira fase, uma acentuada redução dos vingamentos, responsáveis logo à partida por uma quebra entre 10% e 15%”, e numa segunda fase ao “um desenvolvimento anormal de fungos, onde a estenfiliose foi responsável por estragos de cerca de 30%”, afirma a CAP.

A confederação dos agricultores adianta ainda que, apesar de terem sido usados “todos os meios permitidos para minimizar os efeitos da doença, esta assumiu proporções cada vez maiores e desenvolveu-se de uma forma extremamente agressiva, com os consequentes aumentos nos custos de produção e na diminuição da receita final”.

Neste âmbito, um conjunto de técnicos ligados ao sector e às estruturas ligadas à produção de pêra rocha, consideram ser “fundamental intervir desde já e de uma forma integrada ao nível dos pomares, tendo em vista preparar a próxima campanha e minimizar a incidência do fungo, através da redução do inóculo, da aplicação de planos de nutrição e de tratamentos fitossanitários”, realça a CAP.

Assim, uma das estratégias ao nível do campo para a redução do inóculo nos pomares passa pela mobilização do solo, de forma a incorporar neste todo o material vegetal susceptível de contaminação, ou seja, folhas e frutos.

“No entanto, esta medida vem contrariar um dos compromissos da Acção 7.2 –Produção Integrada, para pomares regados, sabendo-se de antemão que larga maioria dos pomares de pêra actualmente existentes na região Oeste não só são regadios, como se candidataram às ajudas à Produção Integrada no âmbito do PDR”, realça a CAP.

Face a esta conjuntura, e dado que se está perante um “problema fitossanitário de ampla incidência em toda a região e sector, é necessário que as entidades oficiais analisem convenientemente a situação e permitam, excepcionalmente, que que todos os agricultores que tenham pomares regados e que se candidataram às ajudas à Produção Integrada via PDR, tenham permissão para efectuar mobilizações do solo, tendo em vista precaver desde já as produtividades da campanha 2016/2017”, salienta a confederação dos agricultores.

Pêra Rocha, a história
Há cerca de 170 anos (1836), foi identificada no concelho de Sintra, na propriedade do senhor Pedro António Rocha, uma pereira diferente, com frutos de qualidade invulgar, cuja denominação de origem é actualmente a “Pêra Rocha do Oeste”, variedade portuguesa concentrada na região Oeste, na orla marítima desde Sintra até Leiria.

A área de produção da pêra rocha do Oeste abrange os seguintes concelhos:
• Sintra, de onde é originária, estimando-se que actualmente existam apenas 120 ha de pereiras, dispersos por pequenas explorações de carácter familiar;

• Os oito principais concelhos produtores: Cadaval, Bombarral, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Alcobaça, Lourinhã, Óbidos e Mafra;

• Dezanove concelhos onde não tem presença significativa: Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço, Peniche, Alenquer, Rio Maior, Nazaré, Porto de Mós, Batalha, Leiria, Vila Franca de Xira, Azambuja, Cartaxo, Santarém, Torres Novas, Alcanena, Tomar, Ferreira do Zêzere, Vila Nova de Ourém e Marinha Grande.
Produz-se pêra rocha embora em menores quantidades no Alentejo (Ferreira do Alentejo e Elvas), Trás-os-Montes (Carrazeda de Anciães), Minho (Braga) e Beira Interior (Lamego, Guarda, Manteigas, Covilhã, Belmonte e Fundão).

É nos concelhos do Oeste que se concentra a produção de pêra rocha, destacando-se o Cadaval com uma área de cultivo de 2.073 hectares e um expressivo crescimento na última década, tendo ultrapassado o concelho do Bombarral cuja área plantada de 1.934 hectares aumentou apenas 2% na última década.
Registam-se também aumentos de área de cultivo nos concelhos de Caldas da Rainha e Torres Vedras, originando actualmente uma maior concentração no eixo constituído por estes quatro concelhos, a desfavor dos concelhos mais atlânticos, principalmente Alcobaça, Óbidos, Lourinhã e Mafra.

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