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Eucalipto. Bom ou mau? Revista do GPP explica toda a fileira

O GPP — Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral publicou a edição n.º 14 da Cultivar — Cadernos de Análise e Prospectiva com o tema “O Eucalipto”. E são muitas as opiniões dos investigadores.

Por exemplo, o documento “A expansão do eucalipto alterou o regime de incêndios em Portugal?”, elaborado por Paulo Fernandes e Nuno Guiomar, das Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e Évora respectivamente, coloca uma das mais generalizadas perguntas sobre estas matérias, dando contributos para uma resposta tecnicamente sustentada.

São apresentados números sobre área ardida, e sua relação com a área total de eucalipto, dimensão dos incêndios e severidade dos fogos, tirando conclusões e apontando pistas para trabalhos futuros, nomeadamente que “o facto de o regime de fogo não ter sido influenciado pela eucaliptização do País não significa que não o venha a ser no futuro. As soluções técnicas são conhecidas e implicam gestão activa e profissional e um incremento significativo da gestão do combustível e da silvicultura preventiva”.

Este tema prossegue a linha editorial do GPP, em que pretende efectuar análises abrangentes da agricultura, floresta, território e sistemas alimentares, com contributos que compreendem um carácter marcadamente multi-factorial.

Fogos rurais

A secção Grandes Tendências começa com um artigo de José Miguel Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, em que o autor começa por chamar a atenção para o facto de que “muito mais do que fogos florestais, Portugal tem fogos rurais, na medida em que apenas pouco mais de 1/3 da área queimada nas últimas décadas estava ocupada por povoamentos florestais.”

Debruça-se depois sobre a questão da selectividade do fogo em termos de uso do solo para concluir que embora ela exista, tende a diminuir com a dimensão dos fogos e que “as diferenças de intensidade de gestão e de estrutura dos povoamentos são mais importantes do que as características intrínsecas da espécie para determinar quais as florestas mais afectadas pelo fogo”.

O que sabemos (e não sabemos) sobre as populações naturais de eucalipto em Portugal

Segue-se um artigo de Joaquim Sande Silva e Ernesto de Deus, da Escola Superior Agrária de Coimbra e do Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, que se chama reveladoramente “O que sabemos (e não sabemos) sobre as populações naturais de eucalipto em Portugal”.

O documento “pretende (…) fazer uma pequena revisão sobre o estado actual do conhecimento sobre estas populações [de eucalipto], tomando sobretudo como base alguns estudos recentes feitos em Portugal, mas recorrendo também em alguns casos a trabalhos noutras regiões do mundo onde a espécie foi introduzida.”

Os autores abordam as questões do abandono das plantações de eucalipto, da regeneração natural e da capacidade de dispersão da espécie, enquanto factores de risco que precisam de ser mais bem estudados, e ainda da integração ecológica da espécie no nosso País, concluindo sobre a importância de aumentar o conhecimento sobre todos estes aspectos.

Comportamento invasor do eucalipto

No artigo que se segue, “Uma visão sobre o eucalipto em Portugal”, Elizabete Marchante e Hélia Marchante, respectivamente do Centre for Functional Ecology da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra, abordam vários conceitos relacionados com a presença do eucalipto no território nacional.

Baseado em referências bibliográficas actuais, este artigo aborda alguns aspectos económicos, faz uma análise crítica de estudos publicados sobre os impactes negativos desta espécie em termos ambientais, enquadra e analisa o comportamento invasor do eucalipto e faz algumas considerações sobre a germinação e a sobrevivência do eucalipto após os fogos de 2017.

“Não faz sentido eliminar o eucalipto da nossa paisagem”

As autoras finalizam, dizendo “em tom de conclusão” que não faz sentido eliminar o eucalipto da nossa paisagem e economia, embora a expansão descontrolada por via seminal seja um problema que necessita de atenção, sendo mesmo de considerar a redução de área no quadro de um debate construtivo para uma melhor gestão florestal de todo o território.

Segundo o GPP, a opção por este tema do eucalipto tem precisamente por objectivo “focalizar um debate que se encontra muito polarizado e assim promover uma abordagem com base no conhecimento, nomeadamente científico, de modo a permitir uma reflexão fundamentada sobre um assunto que tem gerado expectativas muito divergentes na nossa sociedade”.

“Esclarecer todos os envolvidos”

Com recurso a textos de especialistas que apresentam as várias perspectivas sobre a questão, conjugando o conhecimento das áreas ambientais e económicas, o GPP procura assim “contribuir para esclarecer todos os envolvidos e o público em geral, permitindo uma visão global no contexto da economia e dos recursos naturais do país, do mundo rural e da floresta nacional em particular”.

A Edição n.º 14 da Cultivar encontra-se publicada em formato digital, para download, na página web do GPP (aqui).

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