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Clima leva a queda de produção nos pomares, vinho e azeite na campanha 2015/2016

Os cereais conseguiram as produtividades mais elevas desde 2008. Mas verificou-se um decréscimo de produção nos pomares e na azeitona enquanto a vindima decorreu sem problemas, mas com a produção a cair. São os dados do boletim de Estatísticas Agrícolas hoje, 20 de Julho, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A produção vegetal da campanha agrícola 2015/2016 a produção vegetal foi afectada pelas condições climatéricas, com impactos nos preços à produção (índice de preços da produção vegetal aumentou 11,6%) e nas importações, nomeadamente do grupo “frutas, cascas de citrinos e de melões” cujo valor aumentou 21,9%, refere.

Segundo os analistas do Instituto, não obstante a área semeada de cereais de Outono/Inverno (cerca de 140 mil hectares) ter sido a “mais baixa desde que há registos estatísticos, a disponibilidade hídrica ocorrida na Primavera favoreceu o desenvolvimento vegetativo das searas, promovendo a formação das espigas e o enchimento do grão, alcançando as produtividades mais elevadas desde 2008”.

Em contrapartida verificou-se um decréscimo de produção nos pomares, devido à fraca diferenciação floral, ao deficiente vingamento, à ocorrência de doenças criptogâmicas e ao atraso na maturação dos frutos. Como resultado, o valor das importações do grupo de produtos agrícolas “Frutas; cascas de citrinos e de melões” registou um acentuado aumento em 2016 (correspondente a +21,9%), atingindo os 675,5 milhões de euros (+121,6 milhões de euros face a 2015) passando de 5.º principal grupo importado em 2015 no âmbito dos “Produtos agrícolas e agro-alimentares” (excepto bebidas) para 3º em 2016 (peso de 9,3%, +1,4 p.p. face a 2015).

Vindima sem problemas mas menos produção

Já a vindima “decorreu sem problemas e concentrada no tempo mas a produção diminuiu 15% face a 2015, essencialmente devido à ocorrência de acidentes fisiológicos e aos fortes ataques de doenças criptogâmicas, em especial de míldio”, refere o boletim.

As “maturações evoluíram favoravelmente, aumentando o teor de açúcar (e consequentemente o grau) e diminuindo a acidez fixa, pelo que, de um modo geral, a qualidade dos vinhos produzidos foi boa”, diz o INE.

Azeitona inferior à esperada

Nos olivais a floração foi promissora mas a Primavera chuvosa afectou o vingamento dos frutos, originando uma carga de azeitona inferior à esperada. Esta situação foi mais evidente nas variedades tradicionais, predominantes nos olivais de sequeiro, verificando-se uma diminuição global da produção de azeite de 36,4% face à campanha anterior. “De referir que a qualidade da azeitona recepcionada nos lagares de azeite foi boa, muito contribuindo para este facto a baixa pressão dos principais problemas fitossanitários desta cultura (mosca da azeitona e gafa)”, realçam os técnicos do INE.

Avança ainda o Instituto que a actividade pecuária registou aumentos de produção das carnes de bovino (+2,3%) e aves (+4,9%) e decréscimos nas produções de leite (-4,4%) e ovos (-2,9%). No sector florestal, assinala-se a dimensão da área ardida, que mais do que duplicou face a 2015 (160,7 mil hectares), a maior desde os grandes incêndios de 2005.

Ar muito quente

Segundo os analistas do INE, o ano agrícola 2015/2016 foi marcado por temperaturas médias do ar muito superiores ao normal para a generalidade dos meses, com 2015 e 2016 a posicionarem-se como o 6º e 11º ano mais quente, respectivamente, desde 1931.

O final de Outono de 2015 foi bastante ameno (terceiro Novembro mais quente das últimas duas décadas), tal como todo o Inverno (o mais quente dos últimos 18 anos), o que, aliado à ocorrência de precipitação regular, permitiu a normal realização dos trabalhos agrícolas da época, designadamente a preparação dos terrenos para a instalação das culturas de Outono/Inverno e a poda das vinhas e pomares. No entanto, diz o INE, a falta de frio durante o Inverno condicionou a diferenciação floral nos pomares (conversão dos gomos vegetativos em reprodutivos).

Em contrapartida, a Primavera de 2016 foi fria e extremamente chuvosa, sendo o décimo Abril com registo de precipitação mais elevado desde 1931 e o Maio mais chuvoso dos últimos 22 anos. Esta instabilidade meteorológica dificultou a entrada das máquinas nos terrenos para a instalação das culturas de Primavera/Verão e o corte de forragens, tendo também obrigado a uma intensificação dos tratamentos fitossanitários para combater as doenças criptogâmicas, acrescenta o INE.

Adicionalmente, a precipitação e o frio primaveris agravaram as condições de desenvolvimento dos pomares, tendo prejudicado a floração e vingamento dos frutos. O Verão foi extremamente quente, com Julho e Agosto a atingirem os valores de temperatura máxima mais altos desde 1931, tendo-se observado alguns sintomas de stress hídrico nas culturas permanentes de sequeiro e dificuldades no abeberamento do gado.

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