Início / Agricultura / Anpromis: “Reabilitação do canal principal de rega do Vale de Mondego revela-se urgente”

Anpromis: “Reabilitação do canal principal de rega do Vale de Mondego revela-se urgente”

A reabilitação do canal principal de rega do Vale de Mondego, região onde o milho é uma cultura muito relevante, “revela-se urgente e deve constituir uma prioridade do Estado português, sob pena de a próxima campanha agrícola ficar irremediavelmente comprometida”. Esta é uma das conclusões saídas do 10.º Colóquio Nacional do Milho que reuniu em Coimbra, a 19 de Fevereiro, 630 participantes, entre os quais cerca de 200 estudantes de 12 instituições de ensino da área das Ciências Agrárias, num debate sobre o papel da agricultura nos grandes desafios da actualidade.

Um evento organizado pela Anpromis — Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal em que a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, marcou presença na sessão de encerramento, afirmando que “a cultura do milho nos sistemas agrícolas e pecuários nacionais assume uma importância reconhecida pelo país e pelo Governo de Portugal”.

Fundamentalismo ambientalista

Entre as conclusões saídas do debate do Colóquio, a Anpromis destaca que “Portugal não pode caminhar para se tornar num pais em que o fundamentalismo ambientalista de alguns, poucos mas com grande palco mediático, que vivem essencialmente nas zonas urbanas, se sobreponha às necessidades básicas e aos interesses de regiões inteiras onde a actividade agrícola é fundamental ao seu desenvolvimento”, realçando que “não há mundo rural sem agricultura, nem agricultura sem mundo rural”.

A Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal frisa ainda que “Portugal tem um grau de auto-aprovisionamento de cereais dos mais baixos da Europa, o que põe em causa a nossa soberania alimentar. Urge, neste contexto, acelerar a implementação das dezassete medidas previstas na Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, aprovada pelo anterior Governo”.

Por outro lado, destacando o facto do Colóquio se ter realizado em Coimbra, a Associação refere que, face aos temas abordados, conclui que a resiliência e perseverança que os agricultores da região Centro “têm demonstrado nos últimos anos, ao ultrapassarem os contínuos obstáculos que lhes foram colocados com as cheias de 2016, os incêndios de 2017, o Leslie em 2018 e as intempéries do final do ano passado, é um factor que importa realçar”.

Coesão territorial

Outra das conclusões da Anpromis é que a agricultura “seja ela efectuada em regiões de montanha ou nos vales, no sequeiro ou no regadio, seja biológica ou convencional, familiar e de subsistência ou empresarial, revela-se fundamental à coesão e ao desenvolvimento social, económico e ambiental do nosso território”. Sendo que “o milho, como cultura arvense com maior expressão em Portugal, estando presente em mais de 67 mil explorações agrícolas distribuídas por todo o território nacional, tem assim uma responsabilidade acrescida”.

Para a Associação, “num período marcado pelas alterações climáticas, a aposta do Governo na expansão de novas áreas regadas e na reabilitação dos perímetros de rega existentes, revela-se fundamental para contrariarmos a desertificação social e ambiental que se verifica num crescente número de concelhos do nosso País”.

E acrescenta que a agricultura “é parte da solução para que Portugal atinja a Neutralidade Carbónica em 2050. Os agricultores devem ser apoiados na adopção das boas práticas (conservação do solo, da água e da biodiversidade, entre outras) que contribuem para a redução da pegada de carbono da agricultura e devem ser remunerados pelos bens públicos (serviços de ecossistemas) que produzam em benefício da sociedade”.

Ensino e empresas

Por outro lado, a Anpromis realça que o envolvimento das Instituições de Ensino Agrícola e Agronómico e os seus alunos, muitos deles os nossos futuros agricultores, ao mundo empresarial revela-se fundamental na partilha de conhecimentos, preocupações e expectativas em torno de uma cultura e de uma fileira extremamente dinâmica como é a do milho”.

Do Colóquio,conclui ainda a Associação que as “Organizações de Produtores (OP) são essenciais à competitividade da agricultura portuguesa e o seu contributo deve ser reconhecido através do reforço das suas atribuições e da constituição de novas Organizações Inter-profissionais, mais musculadas e mais dinâmicas, que juntem no seu seio os diversos elos da cadeia da produção à comercialização”.

“A sociedade tem pela frente um megadesafio: duplicar a actual produção de alimentos para suprir as necessidades da população mundial em 2050, sem aumentar a pressão sobre os recursos naturais do Planeta. Neste contexto, os decisores políticos devem dar prioridade a medidas e apoios públicos para adopção da agricultura de precisão e digitalização da agricultura”, conclui ainda a Anpromis.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

Verifique também

Consulta pública sobre Acordo Comercial UE-Canadá termina a 25 de Abril

Partilhar              A Comissão Europeia tem em curso, até dia 25 de Abril de 2024, uma consulta …

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.