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Acréscimo: certificação florestal é “negócio de duvidosa credibilidade”

A direcção da Acréscimo — Associação de Promoção ao Investimento Florestal acusa a certificação florestal de ser um “negócio de duvidosa credibilidade”, acrescentando que se tratam de “supostas garantias a serem reconhecidas pelos consumidores que acabam por ser suportadas pelos contribuintes”.

Para aquela associação, a designada certificação florestal é um negócio privado que assenta numa garantia transmitida aos consumidores de que um determinado produto, que incorpora madeira ou cortiça, é proveniente de uma floresta sob uma gestão sustentável.

“Em Portugal acabam por ser os contribuintes a garantir a subsistência do negócio, num processo de transmissão de responsabilidade do Estado, em matéria de compromissos internacionais de gestão sustentável das florestas nacionais, para as entidades que asseguram o negócio da certificação florestal”, refere a Acréscimo em comunicado.

Falta de transparência

Diz a direcção da associação que tem alertado para “a duvidosa credibilidade do negócio”, entre outros, por dois motivos. Um deles que “não é transparente o processo de monitorização, se existente, da aplicação de resíduos industriais, concretamente das fábricas de celulose, em áreas florestais certificadas”.

Para a Acréscimo, em causa “pode estar a Saúde Pública, tendo em conta a elevada probabilidade de infiltração de resíduos nos lençóis freáticos ou a escorrência para as linhas de água. Facilmente se percebe, pelos factos ocorridos no rio Tejo, que esta indústria tem problemas de auto-controlo na preservação de cursos de água”.

Aqueles responsáveis acusam ainda o INIAV — Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária de que “não dispõe de estudos publicados sobre a aplicação destes resíduos em culturas florestais (habitualmente a ocupar encostas de vales). Ficamos assim restritos aos resultados da investigação privada ou a estudos financiados pela indústria de celulose”.

Certificação pré-corte raso

O segundo aspecto que a Acréscimo diz vir a alertar é para o facto de que “igualmente, não é transparente o processo de certificação pré-corte raso. Ou seja, não existe um período de nojo entre a obtenção de um certificado e o abate de arvoredo, com mais valias no preço decorrentes da certificação. A certificação é atribuída antes de corte no pressuposto de que os seus princípios serão assegurados após a venda do arvoredo. Serão, ou o processo repete-se previamente a novo corte (10-12 anos após)?”.

Nos dois casos, a situação de “falta de transparência interessa à indústria da celulose, destacado cliente da certificação florestal”, garante a direcção da associação, insinuando mesmo: “Será por acaso que a entidade que assegura em Portugal a certificação por um dos dois sistemas em operação está sediada no andar superior à sede da associação da indústria papeleira?”

Mas, o comunicado da direcção da Acréscimo não se fica por aqui. “Já no organismo que assegura a presença no nosso País do outro sistema de certificação, sediado no edifício sede da Confederação dos Agricultores de Portugal, a entidade que o preside está em processo eleitoral interno, na lista de continuidade ao órgão directivo consta um ex-assessor do conselho de administração da The Navigator Company (ex- PortucelSoporcel)”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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