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A importância da utilização de culturas agrícolas alternativas: contextualização

Artigo de opinião do site A Cientista Agrícola

Autor do artigo: José Pena, Técnico Superior de Mecanização e Automação Agrícola

Culturas agrícolas alternativas: contextualização

Nos últimos anos novas culturas agrícolas surgiram no panorama agrícola nacional, diversificando o sector e trazendo novas oportunidades sobretudo para quem chega à agricultura ou quer reconverter e alargar as suas opções culturais. Podemos afirmar que também surgiram novas formas de fazer culturas agrícolas tradicionais e novos negócios em perspectiva em tornos destas.  Existe uma maior consciencialização por parte das pessoas fora do sector acerca da importância da agricultura e dos possíveis negócios agrícolas que podem realizar.

A nova geração de agricultores, como grande impulsionadora e mais dinâmica e inovadora, vira-se para os mercados internacionais apostando na diferenciação e na possibilidade de produzir quando o mercado externo não consegue e com isso vender a um preço mais vantajoso.

Demonstrada a importância de culturas agrícolas alternativas e uso destas para a evolução da agricultura no sentido de dar resposta ao mercado, o crescimento ao longo dos anos de culturas alternativas trouxe para ribalta novos produtos agrícolas e sub-produtos destes como:

  • Frutos secos: castanha, pistácio, amêndoa e a noz
  • Plantas aromáticas e medicinais
  • Pequenos frutos: framboesa, mirtilo, maracujá, physalis, bagas de goji, bagas de sabugueiro
  • Hortícolas: batata doce
  • Frutos: kiwi, figueira da Índia, abacate e dióspiro
  • Agro-florestais: cogumelos

Estes exemplos que vos destaco são provavelmente aqueles mais conhecidos e destacados na imprensa e meios de comunicação.

A cultura a produzir é a grande incógnita inicial, não descurando a especialização numa qualidade ou variedade de determinado fruto ou cultura, seguindo-se o mercado para quem vamos produzir e como vamos comercializar os produtos. O grande trabalho anterior ao cultivo é estudar o mercado: perceber o que os consumidores procuram, os revendedores e intermediários que existem, e passo a passo ser especialista no que se produz, diferenciando-se de outros produtores através de nichos do mercado.

A produção para consumo interno tem as suas vantagens, tal como produzir para exportação, e apesar das diferenças deve-se procurar estabilizar o escoamento do produto e estabelecer parcerias antes de desenvolver o negócio e iniciar a produção.

O diagnóstico destas tendências reflecte uma oportunidade já antiga e tipicamente portuguesa que é a existência de condições edafo-climáticas favoráveis à produção agrícola. Claro que existem zonas mais abonadas que outras, sobretudo pela orografia, tipo de propriedade e também o clima, mas de uma forma global poucos países tem a oportunidade que Portugal tem.

É de salientar que por detrás de toda em sectorização, estudo de mercados ou investigação existem etapas determinantes e também medidas cirúrgicas que foram ou de futuro devem ser tomadas, nomeadamente na área da:

Produção

  • Escolha de variedades mais adequadas às exigências dos mercados;

Transformação

  • Melhoria da eficiência energética nas unidades de transformação agro-alimentar;
  • Diferenciação do produto;

Comercialização

  • Associativismo e dimensionamento por parte de empresas e produtores para a intervenção no circuito comercial;
  • Celebração de protocolos com as organizações para reforço da capacidade negocial.

Estruturação

  • Estimular a existência de Organização de Produtores em cada fileira com funções no circuito produção-transformação-comercialização;
  • Introdução de novas tecnologias, tendo em conta a preservação da qualidade do ambiente, nomeadamente equipamentos de monitorização;
  • Modernização tecnológica visando a divulgação e acesso mais rápido e fácil à informação técnica e de mercado;

 Capacitação

  • Incorporação e aproveitamento das potencialidades para a transferência de conhecimentos e tecnologia para as empresas, centros de experimentação, associações e universidades.
  • Promover a instalação de incubadoras de empresas, facilitando o desenvolvimento de negócios inovadores do sector agro-alimentar sediadas em meio rural;
  • Promoção de novas oportunidades de negócio: prestação de serviços aos produtores (ex.: instalação, maneio, colheita, etc…);
  • Interligar actividades ligadas ao aproveitamento turístico e à multi-funcionalidade natural, histórica, cultural e religiosa.

A reorientação produtiva agrícola mais adequada às condições edafo-climáticas e às exigências do mercado relacionou-se com a rápida e favorável evolução das tecnologias de produção alimentar e agrícola, segmentando a especialização da actividade agrícola resultando na diferenciação de sistemas de produção e de produtos;

A estratégia para a fileira das culturas emergentes deverá assentar no aumento da sua competitividade, através do aumento da sua produtividade, com utilização de tecnologias amigas do ambiente, redução dos custos de produção e maior eficácia na comercialização, nomeadamente na promoção.

A Cientista Agrícola

 
       
   
 

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